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Como será a partilha da Oi em 2018?

Oi: este foi provavelmente o verbete mais buscado em 2017 entre os sites brasileiros de tecnologia. E também nos de notícias políticas e judiciais. O crescimento indecente da dívida, hoje passando dos R$ 65 bilhões, atraiu a mídia para a realidade da empresa. Trata-se do maior escândalo do gênero: como pôde dar errado um negócio financiado com dinheiro público (e muito), baixo risco, com tudo para ser uma máquina de lucros (já que possui a maior rede cabeada do país)? Algumas respostas aqui.

O ano terminou com advogados e consultores discutindo a viabilidade do Plano de Recuperação Judicial da Oi, mediado pela AGU (Advocacia Geral da União). Pouco antes do Natal, Eurico Teles, nomeado presidente temporário da operadora, afirmou que o plano visa deixá-la pronta para qualquer um que queira comprar. Com 63 milhões de clientes nos serviços de telefonia (fixa e móvel), banda larga e TV, o potencial de fato é reconhecido pela maioria dos especialistas. Seria atraente para qualquer investidor, e há pelo menos três candidatos: a egípcia Orascom e as chinesas China Telecom e China Mobile.

Os problemas começam quando se analisa a dívida da Oi, sua capacidade e a forma de pagá-la. O tal Plano propõe reduzir os R$ 65,4 bilhões para R$ 29,3, com os principais credores assumindo o controle na forma de ações. 

O site G1, aliás, listou os credores por ordem de grandeza (da dívida), com nada menos do que 13 mil razões sociais; alguns casos são ridículos, como o de uma empresa de serviços de Recife a quem a Oi deve – acreditem!!! – R$ 2,69. Isso mesmo, dois reais e sessenta e nove centavos. Aqui, os peixes grandes:

Bank of New York Mellon (EUA) – R$ 18,5 bilhões

Citicorp (Reino Unido) – R$ 15,7 bilhões

China Development Bank – R$ 2,4 bilhões

Itaú (Brasil) – R$ 1,5 bilhão

Acrescentem-se os valores devidos a órgãos do governo:

Banco do Brasil – R$ 4,3 bilhões

BNDES – R$ 3,3 bilhões

Caixa Econômica Federal – R$ 1,9 bilhão

Sem falar em aproximadamente R$ 10 bilhões de multas, não pagas à Anatel. Para saldar esses quase R$ 20 bi de dívida pública, a atual direção da Oi sugere parcelamento de R$ 8,3 bilhões, a serem pagos em 20 anos, ficando o restante para ser “discutido na Justiça”. Proposta indecorosa e, é claro, recusada pela Anatel e demais entes públicos envolvidos. O blog da Teleco traz mais detalhes.

Já para a dívida internacional, a Oi aceita transferir aos credores cerca de R$ 6,3 bilhões, mandando para as calendas o restante (algo como R$ 40 bi). Se aceitasse os R$ 40 bi oferecidos pelos chineses, a empresa pagaria pelo menos a parte devida ao governo e metade do débito com os bancos. Mas, pagar? Claro que isso nem passa pela cabeça de seus executivos. 

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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