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TV de tubo, recomendado para games

Quem, em sã consciência, recomendaria um TV CRT – isso mesmo, você já teve um – em vez de um LCD? Ninguém menos do que o site inglês Digital Foundry, verdadeira bíblia para quem curte games ou acompanha esse mercado. Como assim? É o que você deve estar perguntando. Como dizer a um adolescente desses gamemaníacos que seu monitor de tela fina todo incrementado é inferior a um velho e pesado “TV de tubo”.

Pois foi diante de vários comentários sobre a maior queixa dos gamers – input lag – que os editores do site encararam o desafio. Um deles ainda tinha em casa um velho monitor Sony mod. GDM-FW900, lançado em 1999, funcionando direitinho. Decidiram ligar a ele um modem de banda larga e… bingo: o “velho tubo” ganhou fácil dos LCDs da equipe nos quesitos latência (quase zero), lag (rapidez na respostas aos comandos dos controles), refresh rate (taxa de renovação de tela) e motion blur (aqueles borrões que frequentemente acompanham as imagens em movimento).

A “descoberta” rendeu um detalhado vídeo no YouTube e uma reportagem especial na página de tecnologia do Vice, um dos sites mais visitados do mundo.  A camada de fósforo que reveste internamente o painel de um CRT é muito mais sensível à luz do que o painel LCD. E há um ponto de fósforo para cada pixel. Ao receber o impulso elétrico, o fósforo responde imediatamente, e com luz mais intensa quanto maior for a voltagem.

Já num painel LCD o procedimento é necessariamente mais lento, porque há mais componentes envolvidos. A luz gerada pelo backlight tem que passar por um filtro polarizador antes de atingir os cristais líquidos que formam a imagem; esses cristais se movimentam ao receber impulsos elétricos, o que, entre outras coisas, dificulta a reprodução nítida das imagens em movimento. “Quanto mais rápido um objeto se move na tela, mais difícil se torna para o LCD responder”, explicou Barry Young, considerado uma das maiores autoridades mundiais em CRT e que hoje, vejam só, preside a OLED Association, entidade que representa os fabricantes de displays com painel orgânico.

Claro, é muito mais fácil (e barato) hoje comprar um monitor LCD, inclusive um 4K, do que um desses CRTs, só encontrados em sites vintage. Mesmo assim, Young não deixa por menos: “Estão comparando um processo puramente eletrônico (a conversão de um sinal elétrico em luz) com outro mecânico, que envolve os movimentos dos cristais líquidos”, disse ele ao Vice. Para completar, não sem uma ponta de ironia: “Na prática, não existe diferença entre CRT e OLED”.

Afirmação que os defensores do LCD (e suas variações) com certeza não assinam embaixo.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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