O mercado parece ter reagido bem à indicação, apesar das implicações políticas ruins. Faria pertence ao chamado centrão, símbolo do fisiologismo, tem laços familiares com uma das maiores empresas do setor (SBT) e é apontado como pré-candidato à presidência da Câmara contra Rodrigo Maia, desafeto do presidente da República. Não são boas credenciais, pelo histórico de uso político dos órgãos públicos do atual governo. E a decisão também é incoerente com as promessas de campanha, de reduzir despesas e enxugar a máquina federal, veleidades que pelo visto ficaram para trás.
De qualquer modo, é preciso dar um voto de confiança a Faria, que assume um órgão fortalecido. Além de Anatel, Telebrás e Correios, o Ministério passa a comandar também a EBC (TV Brasil) e a Secom, que centraliza as verbas de publicidade do governo federal, motivo de tantas polêmicas nos últimos meses. Entre suas tarefas imediatas, estão dar andamento aos leilões da tecnologia 5G, que deveriam acontecer agora em agosto mas foram adiados; analisar as dezenas de pedidos de concessão de novas emissoras, que partem de seus colegas parlamentares; mediar o conflito entre a Anatel e a operadora Claro sobre o Caso Fox; e apaziguar as tenebrosas relações do presidente com a mídia em geral, uma das atribuições da Secom.
Parece muito para uma pessoa só, mas se Faria conseguir atuar de forma transparente e manter bom diálogo com o Congresso e o Supremo, já será um ganho respeitável. Há, no entanto, quem diga que ele só está no cargo para ajudar a brecar o movimento do Congresso pelo impeachment do presidente. Se for só isso, “e daí” para as Comunicações.
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