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A febre do Tik Tok

Diz o pessoal do marketing que nunca houve um fenômeno como o Tik Tok. É a primeira vez que alguém consegue colocar pressão sobre Google e Facebook no bilionário campo da publicidade digital. Tendo atingido 1 bilhão de usuários em apenas três anos, a plataforma chinesa deve triplicar este ano seu faturamento com anúncios, chegando a US$ 12 bilhões. Mais assustador ainda: engana-se quem pensa que essa audiência toda é composta apenas de adolescentes: o grosso da galera está na faixa dos 35 anos!

Especialistas tentam entender, mas – como é comum em se tratando de mídias digitais – o máximo que conseguem é dar chutes para várias direções. O algoritmo do Tik Tok foi desenhado para vídeos e mensagens curtas, dizem, considerando 30 segundos algo como uma eternidade. E a plataforma paga a quem produz os vídeos, o que coloca em dúvida o próprio modelo de negócio. Estaria alguém financiando essa brincadeira? Mas por quanto tempo?

Quando comentamos aqui, semana passada, sobre a “crise” no mercado de streaming, faltou dizer que há na praça uma overdose de conteúdos e de telas, o que explica, por exemplo, o sucesso do Tik Tok. Está cada vez mais difícil prender a atenção do distinto público. Este, nas 24 horas do dia, vive pulando entre sites, aplicativos, vídeos curtos e mensagens pessoais, num ritmo frenético que certamente não faz bem à saúde.

Para uma geração que lida com o tal burnout a menos de 30 anos de idade (vejam aqui), nada mais natural do que estar num ambiente em que cada interação passa como uma faísca, sem que o usuário tenha tempo sequer de entender do que se trata. Não é coincidência que uma pesquisa recente tenha classificado o Tik Tok como “a plataforma mais viciante” já inventada, como mostra este link.

Tik Tok & Fake News

E, se você acha que isso é pouco, aperte os cintos. Um professor de Nova York, após vários estudos, concluiu que o vício em Tik Tok pode ser comparado ao do ópio! Mais: a plataforma começa a ser usada em larga escala pelos políticos para espalhar, o quê mais?, fake news. Outro perigo à vista neste ano eleitoral. Mais do que nunca, serão eleitos em outubro os candidatos que souberem mentir mais – ou mentir melhor.

Do ponto de vista das mídias, o principal efeito dessa febre é que as outras redes sociais começam a imitar o modelo Tik Tok, valorizando mensagens curtas em que só falta pedir a quem assiste que não pense, apenas reaja e compartilhe – e compre o que seu influencer preferido está mandando. E rápido, que já vai entrar outro vídeo.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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