Meses atrás, o site minhaoperadora.com listou 10 plataformas gratuitas de streaming como opção para quem não quer (ou não pode) pagar uma assinatura. Até o próximo ano deve sair uma atualização incluindo o plano de baixo custo do Netflix, anunciado esta semana, fruto de uma parceria com a Microsoft.

O chamado FAST (Free Ad-supported Streaming TV), ou AVoD, é sem dúvida uma tendência que veio para ficar e resgatar o velho hábito de se ver televisão com intervalos comerciais. Já comentamos que isso é efeito direto da crise mundial (vejam aqui), agravada pela guerra da Ucrânia e o aumento da inflação. As pessoas estão com menos dinheiro, e streaming – apesar de alguns “loucos por séries” – ainda não é um item de primeira necessidade.

Sabia-se desde abril que a Netflix pretendia criar um serviço de streaming com mensalidade mais baixa, para tentar conter a queda de assinantes. O próprio Reed Hastings, fundador e CEO, admitiu que a perda pode chegar a 2 milhões de contas até o fim do ano. De fato, não é fácil disputar uma guerra de mercado em que os concorrentes são gigantes (Disney, Amazon, Apple) e jogam o preço lá embaixo – a própria Netflix começou assim, lembram-se?, para desespero dos canais de TV paga.

Segundo o New York Times, Hastings e sua equipe vinham conversando com possíveis parceiros, entre eles o Google, até acabar fechando com a Microsoft. Ainda não se sabe os termos do acordo, mas analisando o perfil das duas empresas não é difícil imaginar as sinergias. É quase uma parceria ganha-ganha, que tem boas chances de dar certo.

Em 2020, a Netflix começou a montar sua divisão de games, para atrair o público jovem. Nessa estratégia, é essencial aproveitar o patrimônio acumulado pela empresa, ou seja, suas diversas produções de sucesso que têm apelo para a mídia game: Stranger Things, Casa de Papel e Black Mirror são frequentemente citados.

Mas o segmento de games é bem diferente de cinema e TV. E poucas empresas o conhecem tão bem quanto a Microsoft, que criou a plataforma Xbox para explorar, entre outras, a febre dos jogos online. Num primeiro momento, a MS está sendo contratada para prover a infraestrutura de tecnologia e publicidade de que a Netflix irá precisar. Mas a empresa fundada por Bill Gates terá acesso à enorme base de dados dos mais de 200 milhões de assinantes da nova parceira. E, mais à frente, outros projetos conjuntos podem surgir. Ou seja, os interesses de ambas se combinam.

Um outro fato da semana revela que a estratégia da Netflix deve estar correta: no anúncio das séries indicadas ao Emmy, o “Oscar do streaming”, a empresa ficou bem atrás da concorrente HBO, embora produza e lance uma quantidade muito maior de títulos (vejam aqui). Talvez seja mesmo a hora de buscar outras fontes de receita.

3 thoughts on “Netflix + Microsoft: parceria ganha-ganha

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *