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Disney passa Netflix. Mas só até a pág. 2

Em mais uma prova de que o mercado de streaming se transformou mesmo numa guerra, a Disney divulgou nesta quinta-feira que acaba de ultrapassar a Netflix em quantidade de assinantes. Foi o próprio CEO, Bob Chapek, quem assinou o comunicado revelando que, com o acréscimo de 14,4 milhões de assinaturas no último trimestre, atingiu a marca de 221,1 milhões em todo o mundo – contra declarados 220,67 milhões da Netflix.

Para chegar a esse número, a Disney soma os assinantes de seus três serviços de streaming: Disney+, ESPN+ e Hulu. A Netflix, como se sabe, possui apenas um serviço. O comunicado não explica, porém, que há duplicidade de nomes, ou seja, pessoas que assinam dois ou mais serviços, enquanto no Netflix (assim como no HBO Max, por exemplo) cada usuário corresponde a uma assinatura.

Outro fato que o comunicado toca só de leve é que o maior crescimento (53%) dentro do grupo Disney vem sendo o do ESPN+, que investiu pesado nos últimos anos. Adquiriu os direitos de grandes eventos internacionais, como a Copa Libertadores, a Premier League inglesa e a La Liga espanhola (detalhes aqui), além do Mundial de F1 para 2023. Acaba de perder, no entanto, a badalada Big Ten Conference, megaevento que reúne as competições de esporte entre as universidades americanas.

Disney+, o serviço de filmes e séries criado para competir de frente com a Netflix, tem agora 152,1 milhões de assinantes (31% de crescimento sobre 2021), uma cifra enorme considerando seus somente três anos de vida. Hulu, especializado em séries americanas, responde por apenas 46,2 milhões de assinantes (cresceu 8% em um ano). Em países como o Brasil, Hulu não está; seu lugar é ocupado pelo Star+, com excelente – para mim, muito superior ao Disney+ – catálogo de filmes e séries.

Netflix continua faturando mais

Outro fato que trabalha contra essa suposta “liderança” da Disney ocorre bem longe dos EUA. Na Índia, o grupo mantém o serviço Hotstar, com um total de 58,4 milhões de assinantes. Mas estima-se que esse número irá cair bastante após a notícia de que o grupo perdeu os direitos para transmitir o campeonato nacional de cricket, esporte mais popular do país.

E há finalmente o fator financeiro. As assinaturas da Disney têm valor bem abaixo do Netflix – média de 6 dólares nos EUA e 1,2 dólar na Índia. Netflix mantém os valores de assinatura mais altos entre todas as plataformas internacionais (média entre 9 e 10 dólares). Significa que, apesar da queda de assinantes verificada no primeiro semestre (como comentamos aqui), esse é um modelo de negócio mais lucrativo.

Como se vê, a guerra de informação também existe na disputa entre os conglomerados de mídia. E a Disney, que continua sendo o maior grupo do setor, parece ter colocado para si própria uma obsessão: superar a Netflix a qualquer preço. Literalmente.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • O problema do Disney+ é que o conteúdo dele é voltado para crianças e adolescentes (animacoes e super-herois). Claro que existe muito marmanjo por aí que gosta de filme de super-heroi, mas a verdade é que para o publico adulto, o Star+ acaba sendo bem mais interessante...

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