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Até onde chega o brilho das TVs?

Meses atrás, chamávamos a atenção dos leitores para os exageros nas especificações de brilho das TVs (este é o link). Após o que se viu na CES, e com as promessas dos fabricantes para este ano, vale a pena observar alguns avanços nesse campo.

A LG, por exemplo, apresentou uma nova geração de TVs OLED especificadas com até 40% mais brilho que as do ano passado. Segundo a empresa, isso é possível graças aos algoritmos que aprimoram o controle individual sobre cada pixel e – mais importante – ao uso de uma tecnologia chamada Four-Stack. Esta substitui o arranjo MLA (Micro-lens Array), que em alguns modelos 2023 e 2024 reveste os leds orgânicos com lentes microscópicas (vejam aqui).

Produzir essas lentes acabou se revelando um processo muito custoso, e por isso a tecnologia MLA está sendo abandonada. Agora, com uma estrutura de quatro camadas de material orgânico sobre cada pixel, a LG promete luminosidade de até 4.000 nits, o que seria inédito em OLED.

Aqui, vale abrir um parágrafo para explicar melhor essa questão dos nits. Os fabricantes em geral evitam tocar no assunto, mas o que apuramos é que nenhum painel, mesmo os de uso profissional, é capaz de atingir mais do que 2.000 nits. Quando isso ocorre, trata-se de uma pequena porção da tela, no máximo 10% de sua superfície. E somente por alguns segundos, o suficiente para exibir uma cena com ponto luminoso muito intenso. Este vídeo ilustra o conceito.

A maioria das TVs OLED apresenta brilho inferior ao das MiniLED. Uma das explicações é que o calor provocado pela luz mais intensa acaba diminuindo a vida útil dos próprios leds orgânicos; nas MiniLED, os leds são inorgânicos e, por definição, mais resistentes. Mas as especificações aqui podem ser enganosas.

Quando há especificação de nits, geralmente aparecem números acima de 1.000. Na CES, a Hisense apresentou o modelo LED (não MiniLED) 116UX TriChroma, de 116″, especificado em 10.000 nits!!! Mas, como escrito acima, ninguém precisa disso. O número deve se referir a pequenas porções da tela. No mundo real, utilizamos hoje em nossas casas TVs que chegam no máximo a 500 ou 600 nits (no caso das OLED, de 300 a 400), e os resultados já são bem satisfatórios.

Com a oferta de mais conteúdos em HDR10+ e Dolby Vision, sim, é importante que a TV suporte maior luminosidade, mas falar em qualquer coisa acima de 2.000 nits realmente soa exagerado.

Num próximo post, abordaremos as telas MiniLED e como os fabricantes as estão tornando ainda mais brilhantes.

 

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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