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O fantasma da Netflix

Antes mesmo de entrar no mercado brasileiro, a Netflix já assusta. Suas possibilidades no país, e a forma como pretende implantar seu modelo de negócios aqui, foram um dos principais assuntos nos bastidores da ABTA 2011, que terminou ontem. Há os que abertamente temem o gigante, mas também aqueles que duvidam de seu sucesso num país onde quase tudo é diferente do resto do mundo.

Bem, já vi esse filme algumas vezes. Lembro que, nos anos 90, quando a Blockbuster tornou-se a maior videolocadora do planeta, donos de locadoras brasileiras desdenharam da possibilidade de sua entrada no Brasil. OK, OK, a Blockbuster hoje nem existe mais (como empresa independente), mas o terremoto que causou no setor ninguém esquece. Antes, havia ocorrido algo parecido com o McDonald’s, que revolucionou o formato das lanchonetes brasileiras, fazendo desaparecer muitas delas.

No site Tela Viva, executivos da TV paga chegaram a defender que o setor seja “blindado” contra a concorrência da Netflix, cujo modelo se baseia na integração entre cinema, TV e internet, conceito tecnicamente conhecido como OTT (over-the-top). José Félix, presidente da Net, acha que essa blindagem deve vir na forma de parcerias entre operadoras e programadoras. “Não pode ocupar 90% da rede de banda larga e não pagar por isso. É preciso investir em infraestrutura e geração de empregos, como nós fizemos”.

Mais ponderado, Alberto Pecegueiro, diretor da Globosat, a maior programadora brasileira, acha que é preciso prestar atenção aos passos que a Netflix vai dar no Brasil. E Antonio João, da Via Embratel, diz que a empresa americana terá dificuldades porque seu serviço depende essencialmente da rede de banda larga, que como sabemos é sofrível. Todas essas empresas, aliás, já estão se mexendo. Net e Globosat, por exemplo, criaram um serviço chamado Muu, nos moldes do famoso “TV Everywhere”: o assinante terá acesso a conteúdos da Globosat não apenas dentro de casa, mas em qualquer dispositivo, via internet.

As programadoras estrangeiras, que brigaram com a ABTA por esta ter apoiado a implantação de cotas para conteúdos nacionais, nem participaram do evento este ano; estão se organizando através de sua própria entidade, a ABPTA. De qualquer modo, elas só têm a ganhar com a entrada da Netlix, que nos EUA se tornou o maior cliente dos estúdios de cinema. Afinal, quem não quer vender conteúdo para uma rede com mais de 25 milhões de assinantes? Como disse o especialista Nicolas Choquart, num dos seminários realizados esta semana, as operadoras não precisam temer a Netflix. “Basta fazer sua lição de casa, aproveitando tecnologias como VoD e OTT, e deixar seus clientes felizes”.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Bem, como algumas amostras do que o xbmc (XBOX MEDIA CENTER ) dá em alguns conteúdos da Loja da Apple, dando pequenos trechos dos filmes disponibilizados por ela, os streamings são rápidos mesmo com uma banda medíocre, não será diferente com a netflix, assino assim que estiver disponibilizado, desde claro, seu valor mensal não seja mais uma tão cara como é a tv por assinatura.
    Que venha logo....

  • Assino embaixo do jlmartins. Se chegar e for bom e barata, será uma interessante opção para quem assina TV Paga com interesse principal nos filmes. Tomara que a Netflix não entre na onda de grandes lucros do Brasil e venha cobrando algo absurdo. Sendo bom preço, certamente provocará reações nas operadoras de TV, levando o consumidor a ter algum ganho.

  • Uso a Netflix com frequencia, especialmente para assistir documentários, e posso dizer que o serviço é muito bom. Tenho 15 MB de banda, mas mesmo usando o iPad ou iPhone em lugares públicos, com 1 MB ou menos, o serviço funciona. Se vierem com esta qualidade e com os preços que praticam nos EUA, vão dominar o mercado.

    Abs

    Julio

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Orlando Barrozo

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