De certa forma, a morte de Brubeck me deixou mais triste que a de Niemeyer, por dois motivos. Primeiro, sou muito mais ligado em música, especialmente jazz, do que em arquitetura. Além disso, estive bem perto de entrevistar Brubeck em 2002, ao cobrir um evento de tecnologia em San Francisco, onde ele então morava. Na época, editávamos uma revista de música chamada Áudio+, e Brubeck, além de ter inúmeras histórias para contar, era uma simpatia – bem diferente, nesse aspecto, do estereótipo do jazzista tradicional, recluso, maníaco, egocêntrico. Uma gripe mal curada (dele) impediu a entrevista.
Brubeck não era nada disso, ao contrário, divertia-se com as elucubrações que certos críticos faziam em torno de seu trabalho, argumentando que tudo era “muito simples”. Também não sofria de outros males que, como se sabe, atingiram muitos músicos de sua geração: álcool, fumo, drogas, depressão criativa, arroubos de loucura… nada disso fez parte de sua vida, caretíssima. Foi casado com a mesma mulher (Iola, poeta, ensaísta e compositora bissexta) desde 1942, e com ela teve seis filhos, dos quais cinco são músicos profissionais. Era pobre na juventude, como a maioria, e construiu sua carreira sem jamais se envolver em polêmicas ou escândalos, embora tenha apoiado vários movimentos políticos ligados aos negros e à ala mais à esquerda do Partido Democrata (este site conta muito a seu respeito).
Como artista, Brubeck foi talvez o mais popular do jazz depois de Louis Armstrong. Pianista, compositor, arranjador e formador de novos talentos, foi um dos primeiros a prestar atenção no que hoje se chama, genericamente, de world music, trazendo de suas viagens experiências sonoras que depois adaptava ao seu repertório. Parte de sua popularidade – foi o primeiro jazzista a ganhar a capa da revista Time, em 1954 – vem do fato de sempre ter estimulado a música entre os jovens, como no início dos anos 1950, quando promoveu o jazz nas universidades (este é seu site pessoal). Seu songbook é um dos mais versáteis e admirados do gênero, e vai muito além das badaladas e revolucionárias “Take Five” (na verdade, composta por Desmond) e “Blue Rondó a la Turk”. Pessoalmente, recomendo estes que, na minha modestíssima opinião, são seus dez melhores discos:
Jazz at Oberlin, OJC, 1953
Dave Digs Disney, Columbia, 1957
Brubeck Plays Ellington, Columbia, 1958
Time Out, Columbia, 1959
The Real Ambassadors, Columbia, 1962
The Dave Brubeck Quartet at Carnegie Hall, Columbia, 1963
The Duets, Verve, 1975
Late Night Brubeck: Live from Blue Note, Telarc, 1994
Young Lions & Old Tigers, Telarc, 1995
Private Brubeck Remembers, Telarc, 2004
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