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Globo sem filmes: será possível?

 

 

 

Deu no UOL: a Rede Globo estaria pensando em deixar de exibir filmes, tirando do ar atrações “sagradas”, como Tela Quente, Supercine e Sessão da Tarde (leiam aqui). Motivo: filmes de sucesso custam muito caro e têm audiência cada vez mais baixa. Faz sentido. Com as chamadas “janelas” se reduzindo para as diversas mídias que surgiram nos últimos anos, alguém que queira ver um sucesso do cinema não vai esperar os dois anos que, em média, são estipulados nos contratos de venda de direitos para exibição em rede aberta. Nesse meio-tempo, já foi possível ver o mesmo filme em DVD, Blu-ray, VoD (serviços como Now, Netflix etc.), nos canais de TV por assinatura dedicados a cinema… sem falar na opção que muita gente adota, que é ir à internet e baixar o filme de graça.

Oficialmente, a Globo não comenta o assunto. Mas, até por ser a maior e mais avançada entre todas as redes brasileiras, e também por deter conteúdos de altíssima qualidade para exibir, é natural que esteja pensando em alternativas a um negócio que vai se tornando fonte de prejuízos. Sabe-se que as negociações com os estúdios consomem milhões de dólares das emissoras, que até hoje participam de verdadeiros leilões para ficar com os melhores títulos. É o que acontece também no segmento de home video (DVD e Blu-ray), onde as distribuidoras não vinculadas a Hollywood disputam quase a tapa os direitos até mesmo de produções que nem saíram do papel (estão apenas na cabeça de um diretor ou produtor famoso). Nas feiras e festivais de cinema pelo mundo afora, é comum alguém oferecer “o novo filme de Tarantino” ou o próximo que Woody Allen “estaria pensando em realizar”, cobrando, literalmente, os olhos da cara. Na hora de vender os filmes para TV, é a mesma coisa.

No caso da Globo, há outros aspectos em jogo. Desde o lançamento da TV Digital, em 2007, a emissora trabalha com olhos no futuro desse negócio chamado “conteúdo”. Na semana passada, ao apresentar a programação de 2013, o novo diretor-geral Carlos Schroder deixou claro: “A meta de audiência não tem que ser o fator número um, mas a relevância do conteúdo, sim.” O grande desafio, diz ele, é “atrair e conquistar o telespectador”. E, nesse ponto, dominar as novas mídias torna-se fundamental. “Com as várias mídias na mão do consumidor, não podemos mais estar só em casa. Precisamos mostrar nossa programação onde ele estiver”, disse Schroder, que montou um comitê para estudar as diversas formas de exploração da internet e a distribuição de conteúdos da Globo em outras plataformas (as informações são do site Tela Viva).

Já está em testes, inclusive, um sistema de transmissão ao vivo pela internet, em paralelo à TV aberta, de programas como SPTV e Globo Esporte, que, segundo Schroder, atingem cerca de 30 mil acessos por dia. Será esse o caminho?

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • Pra que melhorar, se voce pode sempre piorar o conteudo da tv aberta ?...

    Vao trocar os filmes por porcarias nacionais como "Esquenta" e outras bombas, de auditorio ou nao. Querem apostar? Foi o mesmo que fizeram com os seriados importados, ha varios anos, que foram todos substituidos por novelas e BBBs, restando para eles apenas as madrugadas durante o verao. (seriados sao, via de regra, melhores que qualquer programa nacional, especialmente nos ultimos 10 anos, com as series de tv melhores que os filmes do cinemão comercial).

    Ainda bem que eu abandonei a tv aberta ha 15 anos... Nem os telejornais prestam mais, com seu foco atualmente apenas em noticias populares, como as de origem policial. :-)

  • Pela potência já demonstrada historicamente e o potencial de criação e produção de mais conteúdo de qualidade, a Rede Globo deve estar pensando em produzir séries, o "hype" do momento e negócio no qual ela já é bastante experimentada. Afinal de contas, o que é uma temporada de 10 ou 15 episódios senão uma minissérie sem final?
    Se fosse um jogo de apostas botava minhas fichas nessa casa!

    Isso se ela não surpreender a todos com uma guinada visionária para TV aberta. Mas é mais arriscado...

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Orlando Barrozo

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