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Onkyo, o fim de uma era

Está chegando ao fim mais um “case” da impressionante saga tecnológica do Japão pós-guerra. Nesta sexta-feira, o Onkyo Home Entertainment, conglomerado de várias empresas de áudio e vídeo com sede em Osaka, entrou oficialmente com pedido de falência. Pelas leis japonesas, mesmo que seja aceito pela Justiça o pedido não decreta definitivamente o encerramento das atividades. Mas, após anos de sufoco, é difícil acreditar que essa marca tradicionalíssima consiga se recuperar.

Fundada em 1946, a Osaka Denki Onkyo (a palavra pode ser traduzida como “ressonância sonora”) é contemporânea de Sony e Denon – esta originalmente se chamava Nippon Denki Onkyo. Todas foram crescendo aos poucos, em meio aos esforços de reconstrução do país, e tiveram seu auge entre os anos 1970 e 2010, cinco décadas em que a tecnologia japonesa dominou o planeta com suas inovações.

Assim como Sony, Toshiba, Sharp e Panasonic, porém, a Onkyo não soube fazer a transição para o mundo digital, globalizado e baseado na internet. Os números divulgados esta semana são constrangedores para uma marca que já foi tão prestigiada. No pedido de falência, o grupo admite uma dívida impagável de US$ 24 milhões.

OK, deve ser menos de 1% do que deve a Sony, por exemplo, mas a falta de perspectivas assustou parceiros e investidores, tornando inevitável a falência. Dos mais de 15 mil funcionários que a Onkyo chegou a ter nos primeiros anos do século 21, restavam 1.161 em março do ano passado; hoje, são menos de 800.

O grupo Onkyo – que detém marcas de áudio ainda com certo peso, como Pioneer e Integra – informou que vem há cerca de doze anos tentando parcerias e ajudas variadas, que nunca se concretizaram. Houve negociações com a poderosa Sound United, dos EUA, dona de Marantz, Denon e B&W, e com a Dell, sem sucesso.

Resta ainda uma possibilidade de acordo com a PAC (Premium Audio Company/11), trading do grupo VOXX que atualmente cuida da distribuição da Onkyo na América do Norte. Será talvez a única salvação, já que o grupo esgotou todas as suas fontes de financiamento, em meio à crise dos chips e à quebra na rede de suprimentos provocada pela pandemia.

Segundo sites japoneses, há planos de montar uma loja online Onkyo só com produtos selecionados (como esta “vitrola” ao lado), investir em fones de ouvido in-ear (produto da moda), aparelhos de surdez, app de música para streaming e até um exótico sistema de atuadores de áudio embutidos em barris de cerveja e saquê!!! Mesmo que algum desses projetos dê certo, a Onkyo nunca mais será a mesma.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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