Após a publicação deste post, vi três reportagens que confirmam a preocupação dos empresários brasileiros com a questão. Passo os links aqui:
Brasil está metendo os pés pelas mãos com a China
Empresários lançam estudo para defender negócios do Brasil com a China
Operadoras dizem que restrição à Huawei fará subir preços do 5G
Um assessor do novo presidente americano Joe Biden teria definido as três prioridades de seu governo: China! China! China! O diagnóstico é que, para o bem de todos, é preciso urgentemente promover uma faxina na política externa para encontrar um meio de convivência com a segunda maior potência do mundo – e que fatalmente se tornará a primeira em algum momento. Talvez leve tempo para desinfetar o ambiente tóxico deixado por Trump, mas a simples sinalização nessa direção já ajuda.
Por incrível que pareça, no Brasil ainda vemos membros do governo criticando nosso maior parceiro comercial – os mesmos diziam que Trump seria um grande aliado… Como já comentamos aqui, essa atitude, além de inútil (a China não vai mudar por causa do Brasil), é extremamente perigosa para um país que precisa tanto de investimentos. A propósito, recomendo a leitura frequente das colunas da economista Tatiana Prazeres às quintas-feiras na Folha de São Paulo. Ela trabalhou na OMC e hoje mora na China, dando aulas na Universidade de Negócios Internacionais e Economia, em Pequim.
Sem abrir mão de apontar problemas no país onde vive, Tatiana se dedica a explicar aos ocidentais como funciona a cabeça dos chineses e dar detalhes sobre as estratégias do governo Xi Jin Ping. Foi nela que li a história contada no primeiro parágrafo. “Diagnósticos equivocados, expectativas irrealistas em relação à China e ilusórias sobre o papel dos EUA no mundo explicam muito do ressentimento e da hostilidade a respeito do país asiático”, diz ela em sua coluna (este é o link).
Pelo visto, Biden e seus consultores perceberam os erros e pretendem mudar a foco a partir de 2021. Infelizmente, não se pode ter ilusão de que o Brasil fará o mesmo, até porque não existe aqui hoje uma política externa (nem econômica) digna do nome. Mas quem se preocupa, sinceramente, com o futuro do país deve ficar atento a temas como a implantação do 5G, por exemplo. Há sinais de que o governo está reconsiderando aquela ideia fixa de banir a Huawei do leilão de frequências previsto para o próximo semestre – um tiro no pé rechaçado por dez entre dez especialistas do setor, inclusive as próprias operadoras a quem caberá executar o serviço. Ainda bem!
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