Mais uma operadora anuncia o lançamento de serviços em 5G no Brasil. Depois de Claro e TIM, nesta quarta-feira foi a vez da Vivo. Todo mundo apostando na tecnologia DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro), como comentamos aqui recentemente. Certamente haverá quem diga que é uma “enganação”, já que o sistema possui limitações, mas na prática é mais um exemplo de como o mercado aproveita oportunidades que o poder público não tem competência para explorar. A lamentar apenas o fato de que será um sistema caro e, portanto, acessível apenas a uma pequena parcela da população – enquanto o governo discute se deve ou não tributar o comércio eletrônico (os dois temas são distintos, mas associados).

Curioso anotar que já existe um lobby contra o 5G, como mostra artigo do advogado Thiago Camargo, membro do Comitê Gestor da Internet (CGI), dias atrás na Folha de São Paulo. Analisando a implantação dessa tecnologia em outros países, ele lembra como a burocracia vem impedindo o avanço no Brasil, aliada à já nefasta adesão do país – na verdade, de setores do governo federal – à campanha do presidente Trump contra a chinesa Huawei, líder mundial em 5G

Camargo cita algo que já comentamos aqui: se os chineses, dominando essa tecnologia, podem espionar o Brasil, como alegam o governo americano e seus sabujos brasileiros, o que impede outros fornecedores de fazerem o mesmo? Até porque espionagem independe da tecnologia utilizada.

 

 

Mas o lobby a que se refere o articulista é outro. Na portaria em que define as regras para o leilão do 5G, o governo determina que seja garantida a qualidade de imagem para quem possui antena parabólica, referindo-se a regiões do interior onde esse dispositivo é comum. Era uma reivindicação das emissoras de TV, completamente defasada no tempo, pois aquelas parabólicas grandes estão tecnicamente obsoletas. Na foto, exemplo de uma que virou “guarda-sol de plantas”. Este é o link para o artigo.

Para garantir a instalação de torres de 5G em todas essas localidades, o dinheiro deveria vir dos fundos de telecomunicações, sustentados via cobrança compulsória em todas as contas de telefone e banda larga (só o Fust tem mais de R$ 34 bilhões, informa Camargo). Quem vai liberar esse dinheiro, preso no Ministério da Economia e usado para abater a dívida pública?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *