Não tem nada a ver com tecnologia, mas é um fato da semana que gostaria de juntar a meu comentário do último dia 24 sobre os lobbies contra e a favor do projeto que institui cotas na TV paga. Leio na imprensa que os representantes da indústria de bebidas pressionaram o Congresso e conseguiram adiar para 2011 (isso mesmo, só daqui a três anos) a entrada em vigor da lei que limita a propaganda de bebidas alcoólicas na televisão e em espaços públicos.

beer-before-bed2.gifO Movimento ‘Propaganda Sem Bebida’, hoje com cerca de 300 filiados, incluindo aí o Conselho Regional de Medicina de São Paulo e um grupo de médicos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), conseguiu abaixo-assinado com cerca de 600 mil nomes solicitando a aprovação da lei. Mas houve o contra-ataque da Associação Brasileira das Agências de Propaganda (Abap), que está em plena campanha contra. “Não há urgência nessa aprovação, e a questão precisa ser melhor discutida”, diz o mote da campanha, criada pela agência F/Nazca.

Não por mera coincidência, essa é a agência que faz os comerciais da cerveja Skol, cujo fabricante é um dos maiores anunciantes do País. Um único fabricante, a Ambev, gastou no ano passado R$ 237 milhões em anúncios. Publicitários e fabricantes de bebidas acusam de “cinismo” o movimento criado pelos médicos contra a propaganda, alegando que os anúncios são “bem feitos e bem sucedidos”, nas palavras de Dalton Pastore, presidente da Associação Brasileira das Agências de Propaganda.

Ora, não é isso que está em discussão, responde o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Unifesp, citando uma pesquisa recente que diz que 52% dos adolescentes brasileiros já bebem cerveja. É justamente o fato de os anúncios serem bem feitos, cheios de jovens deslumbrantes, que estimula mais e mais jovens a começar a beber cedo na vida. Ou não?

Bem, pelo visto, o lobby da bebida ganhou mais uma. Os anúncios podem continuar até 2011 – se é que não vão encontrar outra maneira de empurrar esse assunto com a barriga (cheia de cerveja).

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