Pelo menos duas fontes do setor de televisão já me disseram que a tão aguardada interatividade digital não chega este ano na TV aberta. O Ginga, middleware escolhido pelo governo brasileiro para equipar os novos conversores (set-top-box), parece uma caixa preta – que nenhum fabricante pode (ou quer) destrinchar.
 
Primeira constatação: a maioria das emissoras não está preparada ainda para gerar sinal digital de boa qualidade. Não investiram em equipamentos de ponta, muito menos em técnicos capazes de operar esses equipamentos, o que exige muito treinamento, em alguns casos até mesmo levando esses profissionais para cursos no Exterior. A linha de crédito anunciada pelo BNDES para financiar a importação desses aparelhos continua apenas na promessa. O que não é de causar surpresa: os economistas que dirigem o banco sabem que esse tipo de empréstimo é de altíssimo risco. Se o dinheiro for mesmo liberado (no que não acredito), há o perigo de uma inadimplência colossal, já que a maioria das emissoras – Globo e Record talvez sejam as exceções – não consegue fechar suas contas.
 
Segundo ponto: a geração de sinal de TV via internet e via celular deve se popularizar muito mais rápido do que a transmissão convencional. As vendas de computadores não param de bater recordes, assim como as de celulares e as conexões de banda larga. Ou seja, vai ser muito mais fácil (e barato) utilizar a interatividade dessas mídias, e ninguém (ou muito pouca gente) vai querer esperar pelo tal Ginga, ou por qualquer outra ferramenta interativa para televisão aberta.
 
Terceiro: em qualquer lugar do mundo, interatividade custa caro. Alguém precisa pagar por ela. O único caminho, me parece, está na TV por assinatura. Fora disso, quem se habilitará a bancar essa brincadeira?

1 thought on “Quando chegará o Ginga?

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