Sinceramente, não sei se é uma notícia boa ou ruim. Mas o fato é que a TV Câmara – veículo oficial da Câmara Federal, em Brasilia – inaugura nesta 2a. feira as transmissões digitais para a cidade de São Paulo. A programação, é claro, são os discursos e debates entre os nobres deputados, num mix com as atividades desenvolvidas pela Assembléia Legislativa paulista. Vai ser em TV aberta, canal 61, exigindo portanto um set-top-box e uma antena UHF.
Tecnicamente, será a primeira experiência real de multiprogramação no País. Pelo menos é o que dizem os coordenadores do projeto, que é de responsabilidade da Universidade McKenzie (pessoal muito sério, que participou desde o começo dos testes para implantação da DTV no Brasil). Eles prometem fazer testes durante esse período inicial para, quem sabe, introduzir quatro sinais diferentes no mesmo canal. Haveria então a opção do telespectador, que pode escolher entre Câmara Federal, Assembléia Legislativa e Câmera Municipal. Há ainda o projeto de incluir na grade o Canal Universitário do Estado.
Bem, se depender dos políticos sabemos como essas coisas terminam. O presidente da Câmara Federal, Arlindo Chinaglia, já se apressou em dizer que o novo sistema permitirá à população “debater” com seus representantes no Legislativo. Claro, balela pura. Não há – pelo menos por enquanto – canal de retorno. O máximo que o telespectador poderá fazer, como aliás já faz nos canais analógicos, é se irritar com tanto papo furado e politicagens.
Mas vamos pensar democraticamente: abre-se aí mais um canal para as pessoas verem o que os políticos estão fazendo e lembrar disso quando forem votar. Nesta última eleição, tivemos mais alguns exemplos do que acontece quando se vota sem pensar, ou levado por motivos interesseiros, ou pela simples ignorância. Isso não acaba simplesmente implantando o sistema digital. Mas, já que eles estão usando nosso dinheiro, que o façam em algo que ajude a informar o eleitorado.