Por Marcelo Ponte*
Ao falar de instalações de câmeras IP, geralmente nos deparamos com dois tipos principais de sistema. De um lado, sistemas dirigidos especificamente para a vigilância da segurança industrial e, de outro, aqueles orientados a aplicações de gestão ou controle de determinados processos. Ainda que ambos os tipos de uso possam coexistir, em poucos casos estes se desenvolvem juntos em um mesmo sistema.
É no mundo da indústria em que se tem maior oportunidade de combinar sistemas de vídeo, destinados ao controle das entradas e saídas das instalações, com outras aplicações complementares direcionadas, por exemplo, para a gestão de armazéns e estoques.
Até bem pouco tempo atrás, o setor industrial apenas recorria à instalação de dois sistemas independentes de câmeras analógicas; um para cumprir o papel da segurança e outro dedicado à supervisão de processos e controle das linhas de produção. A chegada da câmera IP marca uma passagem tecnológica. Gera novas oportunidades para agregar valor ao negócio, ao vincular a gestão da segurança e vigilância, extraindo dados de maneira funcional que servem como informações para acrescentar inteligência analítica e otimização a certos processos industriais.
É neste cenário em que estamos frente a uma crescente adoção de sistemas unificados de infraestrutura nos setores industriais. Estes sistemas permitem a convergência das distintas tecnologias de gestão de uma fábrica, reduzindo consideravelmente os custos e tempo nos processos de produção.
Para suportar uma estrutura unificada e convergente de produção, é necessário implementar uma rede de dados Ethernet, que permita classificar e agrupar em sub-redes distintas interconectadas (VLAN’s ou Redes Virtuais de Área Local) os diferentes usos e necessidades de cada uma das aplicações do software que as instalações precisam para os processos industriais.
Diante desta nova realidade, é compreensível para as indústrias, na hora de pensar em renovar ou incorporar novos elementos de vídeo a seu sistema, optar por instalar câmeras IP. Elas se incorporam facilmente à infraestrutura já existente (um sistema de rede destinado a controlar elementos de uma produção) e aproximam os padrões e tecnologias atuais tais como PoE (Power over Ethernet, para a alimentação elétrica das câmeras IP através da rede), resoluções megapixel, entre outras.
Essas são novas oportunidades geradas pelas tecnologias IP, por meio da capacidade de converter nossas câmeras de vigilância em um sistema de controle de qualidade.
Isto permite, além de manter um controle audiovisual sobre pessoas e instalações, supervisionar cada um dos processos, detectar falhas de equipamento e transformar os dados do vídeo em informação valiosa que ajude as empresas a melhorarem seus processos e aumentarem sua produtividade.
Por exemplo, é muito comum que na indústria se trabalhe com materiais e resíduos contaminadores, tóxicos e, inclusive, perigosos. Neste caso, o uso do vídeo permite controlar se esses materiais estão confinados em suas áreas de segurança correspondentes.
Deste modo, é possível controlar quem, quando e como estes materiais são manipulados e também como são administrados os resíduos industriais, para assegurar que a empresa cumpra a legislação ambiental vigente.
Outra das aplicações inovadoras do vídeo IP está relacionada com a capacitação do recurso humano. A formação dos empregados é cada dia mais importante e, se temos exemplos gravados do que se deve e do que não se deve fazer, poderemos organizar seminários visando a otimização dos processos.
O caso dos riscos trabalhistas é similar. O fato de os trabalhadores saberem que as instalações são monitoradas por câmeras promove uma cultura de maior uso dos equipamentos de segurança por parte deles.
De forma complementar, um sistema de vídeo com um software de análise permite, por exemplo, detectar se um funcionário está sem capacete. Este recebe um aviso no centro de controle para que possa ser notificado e solicitar que a norma política de segurança industrial seja cumprida pelo trabalhador.
Por outro lado, a capacidade de monitoramento e implantação online e em tempo real do vídeo IP para controlar contingências ou emergências abrem outro campo de oportunidades para agregar valor à indústria. A informação transmitida pelas câmeras por meio de redes sem fio Wi-Fi revoluciona a forma de medir o Retorno sobre a Inversão (ROI em inglês) no caso dos setores industriais quanto à proteção, eficiência e competitividade do negócio.
* Marcelo Ponte é gerente de marketing da Axis Communications na América do Sul.