Se é importante o consumidor aprender a defender seus direitos, é indispensável saber o que é feito com o dinheiro que recolhe ao governo. O brilhante repórter Gustavo Patu, da Folha de São Paulo, publicou recentemente um levantamento que chega a ser revoltante sobre o assunto. Segundo ele, de cada 100 reais que pagamos em tributos, nada menos do que R$ 34,19 serve para pagar aposentadorias e benefícios sociais. Esse percentual (34%) é típico de países desenvolvidos, onde a população tem renda mais alta e o número de idosos (e, portanto, de aposentados) é proporcionalmente muito maior. Ou seja, pagamos imposto de país rico e temos em troca os serviços (ou falta de) que todos conhecemos.

Os tais 34% englobam despesas como seguro-desemprego e bolsa-família, mas na conta entram também os gastos com a burocracia que acompanha esses serviços. Só para se ter uma idéia, nesse aspecto o Brasil está empatado com países como Japão, Espanha e Reino Unido. Só que temos aqui 11% de pessoas com mais de 60 anos, enquanto no Japão são 22% e na Espanha, 17%. Países onde a população idosa é maior – como Alemanha, França e Dinamarca – recolhem 40%. Mas Estados Unidos e Coréia gastam apenas 20% com a chamada “proteção social”.

Antes que alguém diga que quero acabar com os velhinhos, lembro outro detalhe dessa pesquisa, que para mim é ainda mais grave: de cada 100 reais que pagamos em impostos, o governo destina R$ 13,25 para a educação, um percentual equivalente ao dos países europeus. E, como se sabe, nossas escolas públicas têm o mesmo nível das alemãs, francesas, suecas etc. Isso, sim, é uma tragédia.

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