IT Decisions é o nome de um site produzido no Brasil pelo jornalista e escritor inglês Mark Hillary, a quem conheci recentemente. Ativo nas redes sociais, especialmente Twitter e LinkedIn, Hillary comemorou na semana passada o fato de ter obtido visto permanente para viver no Brasil, como sonhava. Fã declarado de nosso país, ele tem percorrido as principais cidades brasileiras para, como diz, tentar entender melhor por que uma nação tão rica em recursos naturais e com um mercado interno tão atraente, não consegue subir na escala mundial dos desenvolvidos.

Hillary tem entrevistado empresários e funcionários do governo brasileiro, nessa sua peregrinação. E se diz cada vez mais confuso. O que mais tem ouvido é a velha ladainha de que basta os investidores internacionais acreditarem um pouco mais no Brasil que o país decola para, enfim, concretizar seu status de grande potência. Como vários outros jornalistas, ele também levou a sério a promessa de que a chinesa Foxconn irá investir R$ 12 bilhões para produzir iPads no Brasil!!! Nosso amigo inglês chegou mesmo a acreditar nessas histórias, mas agora parece estar caindo na real…

Através de seu site, fiquei sabendo que o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, viaja na semana que vem para a Coreia do Sul, onde além de participar do evento WICS 2011 (World Information and Communications Summit) pretende buscar parcerias com empresas locais para avançar no projeto brasileiro de banda larga. Bernardo se diz admirador do país asiático, pela forma como saiu da pobreza, logo após a 2a. Guerra Mundial, para tornar-se uma das potências tecnológicas do planeta. Bem, já sabemos que, por mais que o exemplo seja positivo, essas coisas não se resolvem assim, na base da vontade. Mas, como curiosidade, repasso aqui as dúvidas levantadas por Hillary, com sua alma europeia:

“Embora o Brasil esteja entre os primeiros no ranking das potências econômicas mundiais, o acesso à banda larga aqui é simplesmente pífio. A classe média paga tarifas muito mais altas do que na Europa; e os pobres, quando têm uma conexão, esta é limitada”.

“No mês passado, a presidente Dilma ordenou que Bernardo parasse de falar em kilobits e começasse a pensar em megabits, numa referência ao fato de que algumas operadoras chamam seus pacotes com menos de 1Mbps de ‘banda larga’. O ministro deve pensar mais alto. A Coreia já está construindo redes de 1 Gigabits por segundo, e isso para o ano que vem. Ministro, sua meta continua sendo mesmo 1Mbps?”

“A Coreia do Sul pode ser um bom exemplo para o Brasil. Afinal, obteve taxas de crescimento médias de 8% ao ano entre 1962 e 1989. Mas não tem o mercado interno, a agricultura e os mineirais brasileiros, por isso teve que se voltar para as exportações. Os coreanos perceberam cedo que a conectividade seria essencial não apenas para as pessoas poderem se comunicar melhor, mas para incentivar negócios e gerar riqueza”.

“Um governo que vê a internet como ‘luxo’ no século 21 não percebe sua importância para nossa geração. As empresas brasileiras estão em expansão. Imaginem o que fariam se os cidadãos brasileiros – ricos e pobres – já estivessem conectados e fazendo transações entre si e com o mundo. Será que o ministro ainda precisa que alguém lhe diga isso de modo mais claro?”

Welcome, mr. Hillary.

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