Se é verdade que os videogames não são mais brinquedo de criança, como muitos dizem, poderemos agora tirar a prova: a Atari, empresa que começou a febre dos jogos eletrônicos na década de 1970, está voltando à cena. Depois de ser vendida e revendida várias vezes e quase falir, a empresa permanece ativa na área de software, com sede em Los Angeles, mas praticamente ninguém sabe. O plano de Jim Wilson, atual CEO, é relançar os jogos clássicos que produziram uma legião de atarimaníacos, só que formatados para a tecnologia atual.

Em meu livro “Os Visionários“, dedico um capítulo à Atari e a seu criador, Nolan Bushnell, o primeiro empreendedor que percebeu o potencial dos games como produto de consumo. Ao lado de seu sócio Ted Dabney, Bushnell criou os primeiros jogos best-sellers, como Asteroids, Warlords e Pong, tornando-se milionário em menos de dois anos. Sem aptidão para a vida de empresário, os dois venderam a empresa ao grupo Warner, que não soube aproveitar a aura em torno da marca. Esta passou por várias mãos até o ano passado, quando Wilson assumiu o comando. “Enxergamos uma ótima oportunidade de negócio relançando os velhos clássicos, que poderão agradar tanto aos antigos fãs quanto aos jovens gamers de hoje”, disse ele ao The Wall Street Journal, antecipando seus planos.

Em abril passado, a Atari já lançou na Apple Store um aplicativo chamado “Atari’s Greatest Hits”, que permite comprar até 100 jogos diferentes (um pacote com quatro jogos sai por US$ 0,99). O app já foi baixado por 3 milhões de usuários, o que é nada comparado aos hits do momento. Mas mostra que o apelo da marca continua. Wilson diz que em breve colocará à venda outro aplicativo, que transforma o iPad numa espécie de mini-fliperama, com joystick vendido à parte. Mas sua grande aposta está nos chamados jogos informais (casual games), que não oferecem tanta riqueza visual mas podem ser jogados em redes como o Facebook, de acordo com a conveniência dos jogadores.

Ao saber da notícia, o aposentado Bushnell, hoje com 68 anos, se disse feliz e ao mesmo tempo aliviado: “Tinha medo que acabassem com a marca”, comentou ele, que na verdade nem é tão fã assim de jogos pela internet. Se dependesse de sua vontade, trabalharia com jogos educacionais. Mas isso talvez seja utopia. Coisa de visionário!

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