monte fuji

 

 

 

As altas temperaturas deste verão no Hemisfério Norte (na China, tem gente morrendo, literalmente, de calor) estão trazendo também motivos de otimismo para a indústria eletrônica japonesa. Os três principais grupos do setor – Sony, Sharp e Panasonic – apresentaram lucro no segundo trimestre do ano, coisa que não acontecia desde 2011. Boa parte da responsabilidade pode ser atribuída ao primeiro-ministro Shinzo Abe, com sua política de desvalorizar o iêne. Com isso, caíram os preços dos produtos japoneses para exportação, enquanto o dólar se valorizou bastante este ano. Resultado: mais lucros (ou menos prejuízo) para as empresas de lá.

Sim, ainda é cedo para comemorar – e os japoneses, mais do que qualquer outro povo, são muito comedidos nessas horas. Mas muita gente tinha saudades de números como os desta semana. A Sony, por exemplo, registrou um lucro quase irrisório (US$ 35 milhões) – ainda assim é um lucro, considerando que um ano atrás a empresa apresentou a seus acionistas um prejuízo de US$ 250 milhões. Cabe crédito também ao presidente do grupo, Kazuo Hirai, que no ano passado cortou 10 mil empregos e reduziu os custos operacionais em cerca de US$ 1 bilhão (claro, os 10 mil demitidos não devem ter achado a menor graça…).

Mais importante, do ponto de vista mercadológico, é que a divisão de TVs já não dá prejuízo como antes. Num período em que até o PlayStation teve queda de vendas, os TVs top de linha da Sony – incluindo aí os 4K – se mostraram lucrativos, assim como os smartphones e tablets Xperia. Os dados são da agência de notícias Associated Press.

Na Panasonic, os números são ainda melhores: lucro de US$ 1,1 bilhão no trimestre, contra US$ 130 milhões no mesmo período de 2012. A explicação é bem diferente do caso Sony. No ano fiscal, o prejuízo foi pesado: US$ 7,7 bilhões. Ao assumir o cargo, em abril do ano passado, o presidente da Panasonic, Kazuhiro Tsuga, ameaçou seus executivos e disse publicamente que não iria mais “tolerar” prejuízos. Cortou a produção de TVs, fechou fábricas, passou a focar mais em equipamentos industriais, painéis solares e baterias (inclusive para carros elétricos) e – pelo menos por enquanto – voltou a ter lucro. Mais detalhes a respeito estão no site do The Wall Street Journal.

Aqui, vale um comentário interessante: ao contrário de quase todas as concorrentes, a Panasonic não conseguiu se estabelecer na área de celulares, embora mantendo sua força em câmeras e filmadoras. Hoje, estas perdem espaço justamente para os… celulares. Vejam como a falta de visão estratégica pode derrubar até um gigante.

Quanto à Sharp, não houve propriamente lucro no trimestre abril-junho, mas uma boa queda no prejuízo: US$ 183 milhões, contra US$ 1,4 bilhão um ano atrás. O problema continua sendo a dívida altíssima (US$ 20 bilhões), que já fez o grupo buscar sócios como a chinesa Hon Hai, a coreana Samsung e a americana Qualcomm. Mais detalhes neste link.

O próximo passo, comenta-se em Tóquio, é vender ações na Bolsa. E torcer para que Samsung e Apple continuem vendendo muitos smartphones e tablets, pois é a Sharp que lhes fornece os displays. Incrível, mas se não fossem esses dois supostos “concorrentes” a situação poderia ser muito pior.

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