ATSC-3No Brasil, mal começamos o processo de transição da TV analógica para a digital. Culpa da política. Enquanto isso, os americanos já discutem como passar da TV Digital para a próxima geração tecnológica, que eles estão chamando de Next-Gen TV, ou ATSC 3.0. ATSC, como se sabe, é o nome do padrão atual deles, que em alguns aspectos se equipara ao nosso ISDB-T e ao europeu DBV-T. Esta semana, as duas principais entidades do setor entregaram uma petição à FCC (Federal Communications Commission), agência reguladora a quem cabe definir as normas em telecom e broadcast. E a sugestão é interessante.

Trata-se de um padrão de transmissão totalmente baseado nos protocolos da internet. As emissoras ficariam autorizadas a distribuir seus sinais de TV aberta via IP, inclusive em resolução 4K, podendo adicionar canais, interatividade, multicast, compartilhamento de dados, canal de vendas e até serviços públicos de saúde, segurança, defesa civil etc. O padrão é tecnicamente tão avançado que já prevê, por exemplo, a transmissão de áudio Dolby Atmos!

A recepção poderia ser feita via antenas internas, em casas e edifícios, mas também em veículos; e o sinal, retransmitido em redes Wi-Fi para dispositivos móveis. Importante: não seria um padrão obrigatório, como hoje; cada emissora poderá escolher como e quando entrar nessa nova rede. Para captar o sinal, o usuário precisará adquirir um TV compatível. Mas quem quiser pode continuar com seu equipamento atual, pois o sinal ATSC 3.0 permite conversão para o padrão convencional.

Os detalhes da Next-Gen TV estão neste artigo, traduzido do site Twice. Importante lembrar que as duas entidades citadas (outras já estão aderindo) têm interesse comercial evidente na mudança. São elas a CTA (Consumer Technology Association, antiga CEA), que representa os fabricantes; e NAB (National Association of Broadcasters), constituída basicamente de emissoras e produtoras de conteúdo.

No primeiro caso, abre-se um novo segmento de negócios, com os TVs Next-Gen, voltados ao maior mercado consumidor do mundo. Quanto às emissoras, a petição se enquadra na estratégia de ampliar a distribuição de programas via web; a cessão de direitos às operadoras de TV paga tende a ser uma gigantesca fonte de receitas.

Deveremos ter mais novidades a partir desta 2a feira, durante a convenção da NAB, em Las Vegas.

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