A imagem de uma UTI, que ouvi recentemente de um empresário, talvez seja a melhor para descrever a economia brasileira nos últimos anos. Foram tantas notícias ruins entre 2013 e 2016 que uma leve recuperação, confirmada pelos dados mais recentes, é para ser comemorada. O IBGE registrou aumento de 1,4% no consumo das famílias no segundo trimestre, algo que não se via há quase três anos. Ajudou muito a liberação do FGTS, mas a própria inflação em queda – com salários agora reajustados pela inflação passada – é fator positivo. “Há mais dinheiro nas mãos das famílias”, comentou ao Valor Econômico a coordenadora do IBGE, Rebeca Palis.

Junte-se a isso a redução dos juros e do desemprego, ainda que não nos níveis desejados, e aumentam as razões para otimismo. No mesmo Valor Econômico, a competente jornalista Claudia Safatle relata que o governo Temer, com todos os defeitos que conhecemos (e são muitos), é o primeiro que consegue aprovar uma série de reformas importantes em pouco tempo. Vale a pena, por alguns instantes, deixar de lado a sujeira da corrupção e fazer login no site para ler.

Para o setor eletroeletrônico, o aumento do consumo com certeza é uma boa notícia. A previsão oficial, divulgada pela Eletros, é de atingir este ano a marca de 9,5 milhões de televisores, o que representaria uma alta de 12,3% sobre o tenebroso 2016, quando a queda foi de 11% (2015, quando o tombo foi de 37%, continuará sendo um marco negativo histórico na indústria). De janeiro a junho, foram vendidos 5,2 milhões de TVs, ou 30,5% mais que no primeiro semestre do ano passado. O setor como um todo vendeu 18,5% mais nesse período (detalhes aqui).

Detalhe importante: no caso dos TVs, está pesando muito também a migração induzida pelas transmissões digitais em São Paulo e Distrito Federal, duas das maiores praças do país.

Com perdão do trocadilho, parece que voltamos à respirar sem ajuda de aparelhos – no caso, com a ajuda deles.

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