Aprendi nas redações de jornal que é preciso tomar muito cuidado com o que se lê. Às vezes, o mais importante de uma notícia ou de um artigo não está no texto, mas nas suas entrelinhas. Como jornalista desconfia de tudo (se não, está na profissão errada), fiquei intrigado com as duas últimas edições de Veja e Exame.
Veja esta semana dá um show de ufanismo, com chamadas como “A Budweiser é nossa”, “As vitórias do Brasil na globalização”, “O país das montadoras”, “A riqueza do cerrado” e “O Brasil que cresce para fora”. Parece mais a antiga Manchete dos anos 70, que enfeitava e amplificava os feitos do governo militar em troca de farta publicidade. É bom o leitor de Veja ficar atento aos anúncios que virão nas próximas edições: se tiver muita coisa de Banco do Brasil, Petrobrás, Caixa Econômica Federal etc., desconfie.
Já Exame – uma das publicações mais críticas do governo Lula até hoje – traz em sua última edição uma entrevista exclusiva com… adivinharam: o presidente. Embora seja a principai publicação de economia do País, nunca a revista havia publicado entrevista com Lula. Mais do que isso: deixa de lado a farra dos gastos públicos e destaca o controle da inflação (como se ela estivesse sob controle).
Dá para acreditar numa imprensa assim? O que você acha?