Confesso que já estou saturado de China. Há uns 15 dias que todas as mídias não falam de outra coisa, numa overdose típica dos tempos atuais. Parece aqueles escândalos políticos: a mídia não para de falar durante alguns dias, e depois simplesmente esquece. Bem, mas esta 6a. feira é o grande dia. Vamos ter a primeira Olimpíada totalmente registrada em alta definição. E, considerando as dimensões do evento e a cobertura na mídia, isso não é pouca coisa.

O blog americano Engadget levantou que serão mais de 3.600 horas de vídeo, somando o que será gerado pela televisão mais o material que estará em sites pelo mundo afora. Nem tudo será em HD, já que na internet trafegar esse tipo de sinal tem suas limitações. Mas, para quem puder ver pela televisão, numa tela grande Full-HD e com boa recepção, vai ser mesmo um show – a começar da abertura, na manhã desta 6a. Leio ainda no Engadget que, fora a própria China, o sinal de alta definição será levado a toda a Europa e América do Norte, mais os principais países da Ásia, além de Brasil e África do Sul. Audiência total estimada: 3 bilhões de pessoas!!!

Mas o show também pode ter seus contratempos. Deus queira que não haja atentados nem violência, mas de qualquer forma a Olimpíada representa um enorme desafio técnico. “Agora, sim, vamos ver se a internet suporta o peso de uma sobrecarga”, disse ao site ZDNet um especialista no assunto, Brick Eksten, dono da Digital Rapids, empresa canadense que foi contratada pela CCTV (TV estatal chinesa) para cuidar de todos os detalhes relativos a recepção, codificação, gerenciamento e streaming de sinais de vídeo do evento. Uma amostra do seu trabalho já pode ser conferida no site da rede de TV NBC, que faz cobertura on-line dos Jogos.

É um desafio e tanto. Segundo Eksten, só a NBC vai gerar 2.200 horas de transmissão, em 25 modalidades esportivas diferentes. Se no caso de esportes como futebol e basquete a equipe de Eksten já tem um bom know-how, o maior problema, diz ele, serão as transmissões ao vivo de ciclismo, com centenas de bicicletas correndo pela estrada a 60, 70km por hora e várias câmeras captando as imagens em tempo real para levá-las à central de controle, no IBC (International Broadcasting Center), em Pequim, e dali para o resto do mundo. O temor, segundo Eksten, é que a internet – mídia que nunca foi tão usada num evento quanto será agora – não agüente o streaming do sei lá quantos milhões de bytes circulando ao mesmo tempo.

Bem, sua previsão é de que há 60% de chances de tudo dar certo. E entre 5% e 10% de que tudo vá por água abaixo em meio aos Jogos. Mas ele nem quer pensar nessa possibilidade.

Para quem estiver curioso sobre esse trabalho, eis aqui a entrevista de Eksten.

Outra dica: como funciona o sistema chinês de censura à internet, segundo o IDG Now.

E os bastidores técnicos da cobertura.

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