Tentando me atualizar sobre o que acontece no Brasil, nesta ante-véspera de meu retorno, encontro no site do Estadão reportagem tenebrosa sobre o impacto da crise do dólar no setor eletroeletrônico. Receio que haja certo exagero; afinal, uma das fontes da matéria é o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Zona Franca de Manaus, preocupado (com razão) porque a Sony demitiu cerca de 100 funcionários esta semana (a empresa não confirma esse número).

Tudo bem, esta é uma má notícia, embora a Sony diga que demissões são normais nesta época do ano, quando a produção para a temporada de Natal já se estabilizou. Mas o sindicalista afirma que outras grandes indústrias do setor também ameaçam demitir, e cita: LG, Samsung, Semp Toshiba, Philips. Será mesmo? Ou será aquele catastrofismo típico de sindicalistas buscando mostrar que estão “defendendo a categoria”. Vamos esperar para ver.

Seja como for, parece que voltaram os tempos das notícias ruins – alguém aí estava com saudades? Dólar descontrolado representa o pior dos mundos para o setor, que depende estrategicamente de importações. Muitas empresas devem ter acreditado sinceramente na estabilidade mantida pelo governo nos últimos dois anos, esquecendo-se de que os especuladores estão sempre à espreita. Além disso, vivemos um momento único na História, com a possibilidade de se ter um negro na presidência do maior país do mundo. Pode parecer um pequeno detalhe, mas acho que não é. Ainda mais considerando que os EUA já vivem uma recessão desde o ano passado.

Até outro dia, o governo brasileiro vivia dizendo que o País estava “blindado”, como gostam de dizer os economistas. Pura balela. Nenhum país está a salvo de ser afetado quando a maior economia do mundo entra em crise. Vamos ver qual será a reação brasileira. Lula gosta de dizer que “nunca antes neste País” houve tanta prosperidade (e naturalmente atribui a si próprio os méritos por isso). Mas quando as notícias são ruins sempre dá um jeito de culpar alguém. Quem será desta vez?

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