ignoranciaPela enésima vez, recebi neste fim de semana um daqueles emails que amigos enviam relatando “o melhor do ENEM”: são frases e pensamentos (se é que podemos usar essa palavra) que teriam sido escritos por estudantes participando da avaliação feita pelo MEC. Geralmente, essas mensagens nos chegam em tom de piada, mas na verdade deveriam provocar revolta. Assim como outras que destacam bobagens escritas no Orkut ou em algum site semelhante. Todas retratam o lamentável estado em que se encontra a educação brasileira, após décadas de sucateamento e descaso – que, aliás, continuam.

Em seu famoso livro “O Mundo É Plano”, o jornalista americano Thomas Friedman analisa os efeitos da globalização sobre países que conseguiram evoluir para tirar proveito dela – o caso mais simbólico é o da Índia, onde a miséria é muito maior do que no Brasil, por exemplo, mas cujo governo identificou na abertura econômica uma enorme oportunidade de redenção para milhões de pessoas abaixo até dos níveis mínimos de pobreza. Como? Investindo na educação e na cooperação, liberando as burocracias estatais para atrair investimentos em tecnologia, enfim, criando condições para não ser simplesmente engolido pela ganância e pela ignorância.

Sou de um tempo em que ser ignorante era motivo de vergonha. Meu pai, que nunca teve chance de estudar, sempre se lamentou sobre isso. E fez o que pode para dar escola aos filhos. Hoje, temos que explicar aos nossos filhos por que precisam estudar, já que até o presidente se orgulha de ter chegado onde chegou sem passar pela escola. E manda pagar “bolsas” para as pessoas ficarem em casa, sem se preocupar em trabalhar ou estudar. 

É isso. Enquanto ignorância for motivo de piada e preconceito, os governos e os políticos continuarão se aproveitando dela.

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