O repórter Andrei Meirelles, da revista Época, acabou se transformando em notícia. Segundo o site Comunique-se, Andrei tornou-se exemplo de honestidade, num meio em que cada vez há mais exemplos em contrário. Semanas atrás, Andrei deu um furo ao entrevistar o ex-diretor do Senado, João Carlos Zoghbi, e sua esposa, Denise, com ambos contando detalhes do amplo esquema de corrupção que vigora na Casa, sob a proteção de senadores importantes e com alta influência no governo. O que fez Andrei famoso, no entanto, não foi o texto em si, mas a revelação de que o casal tentou suborná-lo para não publicar a reportagem. Denise chegou a oferecer-lhe um automóvel Mercedes-Benz! O repórter não só recusou, como contou tudo na revista.
Você pode estar perguntando o que faz esse comentário aqui, num blog sobre tecnologia. Bem, quis apenas (re)lembrar que o fato do repórter ser saudado por seu comportamento revela (ou confirma) algo que já virou folclore: no Brasil, ser honesto não é obrigação, tornou-se um grande mérito! Os jornalistas – como os políticos – fazem parte da sociedade e, como todo mundo, estão sujeitos a cometer erros e até crimes. O problema é quando estes ficam impunes, ou são encobertos (e há diversas formas para isso; o brasileiro é muito criativo). No caso específico da imprensa, porém, há uma boa forma de combater essa prática: redobrar os cuidados com tudo que se lê e se ouve.
Semana passada, por exemplo, o colunista Fernando de Barros e Silva, da Folha de S.Paulo, inventou a expressão “bolsa-mídia” para definir a política de publicidade do governo Lula: em vez de anunciar somente nos veículos importantes e que têm boa circulação, a prática é espalhar anúncios por inúmeros veículos pequenos. Segundo o colunista, em 2003 o governo anunciava em 499 veículos, entre jornais, revistas, rádios, TVs e sites; hoje, são nada menos do que 2.597 os beneficiados, o que sem dúvida tem a ver com os altos índices de popularidade do presidente pelo País afora. São, na maioria, jornais e rádios do interior, além de pequenos sites ou blogs, que são literalmente pagos para falar bem do governo. E como falam!
Nenhum desses jornalistas provavelmente faria como Andrei Meirelles no caso do Senado.
Caro senhor só não entendi como alguem após lhe dar informações comprometedoras, lhe ofereçe um suborno para não publicar a reportagem. Eles não sabiam que o senhor era reporter, até o final da entrevista.
As informações aqui contida são insuficientes, para que eu possa entender o ocorrido.
Caso possa dar maiores esclarecimentos, fico agradecido, pois até aqui me parece que eles são malucos.
Saudações
Paulo Vitielli
Leia a íntegra da reportagem original aqui.