Em silêncio, quase sigilo absoluto, o Grupo Pão de Açúcar arrematou a Globex Utilidades, controladora da rede Ponto Frio, que estava à venda desde o final do ano passado. Na verdade, a equipe de Abílio Diniz vinha negociando com a família Safra há cerca de um ano, mas não se chegava a um acordo financeiro. Dona Lily, maior acionista da Globex, queria R$ 1,5 bilhão para ceder sua rede de 455 lojas, mais todos os seus outros ativos (inclusive a financeira Investcred e a marca “Ponto Frio”, ainda valiosíssima).

Diniz venceu pelo cansaço. Morando na Europa há anos, Lily já estava exausta das idas e vindas de sua empresa, que enfrenta uma concorrência feroz e não consegue se posicionar claramente no setor de varejo. O negócio acabou saindo por menos de R$ 800 milhões, sendo R$ 373 milhões em dinheiro e o restante em ações. Um excelente acordo para ambos, tendo em vista que a perspectiva da empresa, com uma administração mais profissional, é muito boa e, portanto, suas ações devem se valorizar.

Mas a maior vitória é do próprio Diniz, que dá um passo sonhado há anos: deixar de ser apenas, como ele mesmo diz, um vendedor de “feijão e batata”. Ao anunciar o negócio, o empresário lembrou que o varejo de eletrônicos está crescendo rapidamente, puxado pela expansão do crédito e da construção civil. Prova disso é que sua rede Extra Eletro teve este ano o melhor primeiro trimestre de sua História. Seus cálculos são de que o setor gira hoje algo em torno de R$ 68 bilhões e deve triplicar nos próximos quatro anos; o plano é ficar com pelo menos 10% desse bolo.

Eu, se fosse concorrente do Ponto Frio, a esta altura estaria preocupado.

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