Antes de prosseguir com as novidades da IFA, deixa eu contar um episódio interessante que vi neste sábado, quando ia no trem para a Feira. Não sei se todos sabem, mas sábado é o dia das manifestações na Alemanha. Este país foi quem deu a partida no movimento ecológico, ainda nos anos 70, criando o primeiro Partido Verde do mundo – que aqui, garanto, não tem ninguém da família Sarney. Foi também um dos primeiros a liberar o aborto e a aceitar o homossexualismo; Berlim, por sinal, é um verdadeiro espetáculo gay, com casais caminhando alegremente de mãos dadas e até se beijando em público.

Bem, mas o que me chamou atenção foi ver, pela janela do trem, uma passeata em direção do Bundestag, a sede do governo alemão. Eram milhares de pessoas com suas bandeiras, gritando e cantando. Achei curioso porque, no Brasil, já estamos acostumando às passeatas das sextas-feiras. O pessoal prefere esse dia para poder enforcar o trabalho. E o trânsito, que já é caótico, fica ainda pior. Aqui, não: deixam para protestar no sábado, pois assim não atrapalham ninguém. Questão de consciência. Nem por isso as manifestações deixam de ter repercussão. Todos os jornais que vi neste domingo deram destaque. Há um forte movimento contra a primeira-ministra Angela Merkel, e os manifestantes ficaram horas – fiquei sabendo depois – diante do palácio que um dia já foi ocupado por Hitler. Da janela, deu pra ver muitos policiais interditando a rua para que o movimento seguisse rumo ao local.

Olhando a cena, lembrei também que no Brasil ninguém vai protestar no Palácio do Planalto ou no Congresso (ou vai?). Preferem agredir jogadores de futebol.

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