Não é uma revisitinha qualquer. Chama-se Newsweek, tem quase 80 anos de existência e já foi uma das publicações mais influentes do mundo. Como tantas outras, vem sofrendo com a queda de publicidade e de circulação. A tal ponto que seus proprietários – a editora The Washington Post Company, a mesma que publica o famoso jornal da capital americana – decidiram colocar a revista à venda. A notícia saiu em toda a imprensa no início do mês. Mas o que me chamou a atenção foi a forma encontrada pela empresa para comunicar o fato.

Usando o próprio site da Newsweek, o presidente do grupo, Donald Graham, deu entrevista na semana passada explicando os motivos da decisão. E, aparentemente, não escondeu nada. “O faturamento publicitário em 2009 foi desastroso”, disse ele. “Não conseguimos enxergar uma saída para a revista, embora tenhamos um bom número de leitores”. Vejam a sinceridade do homem: “Estamos abertos a ouvir qualquer proposta. Não sabemos quanto tempo vai demorar, mas decidimos que esse é o melhor caminho para a empresa”.

Num momento de absoluta humildade, Graham disse mais: “Estou decepcionado comigo mesmo porque, depois de 15 anos nesse mercado, não consegui encontrar uma saída para a Newsweek se adaptar aos novos tempos de transição digital”. Quantos executivos teriam a coragem de assumir essa culpa em público? E quantos jornalistas? E, numa prova de que ética jornalística nos EUA é coisa séria, junto à entrevista no site aparece uma singela mensagem, em forma de link: “Assine Newsweek e economize 88%”. Isso, sim, chama-se respeito pelo leitor. Pena que, nestes tempos predatórios, ética e respeito não atraiam anunciantes.

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