Apesar de vivermos numa democracia (e quem passou por uma ditadura deve entender quanto isso é importante), ainda tem gente achando que não é bem assim. Não passa um dia sem notícia de alguém querendo censurar um jornal ou revista, e até ameaçando matar jornalistas, como se estivéssemos na antiga União Soviética. O Portal IMPRENSA e o site Comunique-se – que circulam entre profissionais de comunicação – são dois veículos que procuram fazer um mapeamento desses episódios pelo Brasil afora; ambos vêm tendo muito trabalho ultimamente, como costuma acontecer em época de eleição.

Com apoio (velado ou explícito) de alguns juízes, os criticados – a maioria políticos que são contra o projeto Ficha Limpa – conseguem abafar denúncias e até saírem como “vítimas” em alguns casos. O episódio do deputado Fernando Sarney, que pediu à Justiça e conseguiu a censura ao Estadão, é o mais famoso. Mas está longe de ser exceção. Agora mesmo, o Tribunal Superior Eleitoral determinou – sabe-se lá com base em quê – a proibição de qualquer crítica a alguém que seja candidato às eleições de outubro. Incluiu até os programas humorísticos da televisão, que promovem sátiras ou imitações a vossas excelências. Vamos ter que nos contentar em rir (para não chorar) com o horário político obrigatório, que começa daqui a alguns dias.

A façanha mais recente desses verdadeiros serial killers da democracia foi protagonizada por um velho conhecido: o atual senador Fernando Collor, que é favorito na eleição para governador de Alagoas. Dou de novo aqui o link para o Portal IMPRENSA, onde a notícia foi publicada em detalhes. Em resumo, Collor não gostou de uma nota publicada na revista IstoÉ pelo repórter Hugo Marques sobre um pedido de impugnação de sua candidatura. Completamente fora de si, telefonou para a redação da revista e, aos palavrões, ameaçou agredir o jornalista. Segundo Marques, Collor estaria irritado com a IstoÉ por ter publicado também uma entrevista de sua ex-esposa Rosane (a ex-primeira dama), em que ela o acusa de sonegar impostos.

Liberdade, para essa gente, não passa de uma palavra cantada nos hinos. Um conceito vazio, que só vale para eles próprios. Leiam o texto, que contém inclusive os links para as gravações das duas entrevistas (a de Collor, com sua elegância habitual, e a da ex-primeira dama). E divulguem, porque só assim teremos chance de um dia nos livrarmos de – não encontro definição melhor – serial killers como esses.

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