Mais um primoroso artigo do prof. José Pastore, que recomendo a todos que pensam no Brasil como uma Nação (com “N” maiúsculo) e não como “terra dos espertos” ou dos “amigos do rei”. Desta vez, Pastore analisa os resultados da última PNAD (Pesquisa Nacional por Análise de Domicílio), o censo do IBGE que aponta o estágio atual do País em vários aspectos de seu desenvolvimento.

O artigo, publicado pelo Estadão desta terça-feira, está aqui. Trata da questão educacional e seus reflexos no mercado de trabalho. Destaco apenas dois tópicos. Segundo o censo, aumentou a taxa de crianças e jovens nas escolas brasileiras nos últimos cinco anos – uma ótima notícia. Só que, quando se analisa esse crescimento em comparação com outros países do mesmo porte, descobre-se que continuamos muito defasados. Só um dado: enquanto no Chile 76% da população completou o ensino médio, no Brasil esse índice é de 43%. Quando se vai para os países desenvolvidos, então, é uma goleada humilhante: Canadá, 95%; Alemanha, 97%; Inglaterra, 100%, e por aí vai.

Outro ponto que me chamou a atenção no artigo – e este dado a PNAD não mostra – é que, apesar de freqüentarem mais a escola, os jovens brasileiros chegam à idade adulta sem saber ler e compreender um texto, por exemplo. A política educacional nas últimas décadas tem sido incentivar a multiplicação de escolas particulares, o que dá a muitos a ilusão de estarem aprendendo; na verdade, mal sabem ler e escrever.

O que vai se refletir na hora de encontrar um emprego decente. Como diz o prof. Pastore: “As empresas modernas buscam profissionais que tenham bom senso, lógica de raciocínio, capacidade de se comunicar por escrito e oralmente, tino para transformar informações em soluções práticas e capacidade para trabalhar em grupo. Em suma, as empresas de hoje buscam pessoas que saibam pensar e assim continuarão no futuro”.

Justamente aquilo que os governantes não querem que aconteça.

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