O título acima não é meu; tirei do site Comunique-se, dedicado a jornalistas e profissionais de comunicação, que fez um interessante levantamento sobre notícias divulgadas em sites e que acabaram ganhando destaque em jornais, revistas e emissoras de rádio e TV. Detalhe: notícias falsas. Um dos sites que vêm se especializando em “criar” notícias é o Sensacionalista, dirigido por um grupo de jornalistas e humoristas cariocas, inclusive ex-integrantes do Casseta & Planeta. Com muita ironia e bom-humor, os autores se dedicam a inventar fatos, como este: Mulher engravida após assistir filme pornô em 3D.

Você, que tem senso de humor, não deve ter acreditado. Mas dezenas de sites e jornais, inclusive de outros países, acreditaram. E publicaram como se fosse verdade. Para ter que se retratar dias depois (bem, nem todos: alguns simplesmente deixaram a notícia lá, sem maiores esclarecimentos, talvez na crença de que a memória do leitor é curta – e quase sempre é mesmo). O que dá uma boa ideia de como se faz jornalismo nestes tempos de internet. O próprio Sensacionalista ironiza essa prática com uma notícia cujo título é: Checagem no Jornalismo é encontrada morta. Diz o texto que essa figura – o hábito de checar as notícias, que deveria ser regra em todos os órgãos de imprensa – desapareceu de cena desde a invenção do Twitter.

Tudo isso me fez lembrar uma história épica do jornalismo brasileiro, que ficou conhecida como o “Caso Boimate”. Vale a pena recordá-la para quem porventura não a conheça. Em abril de 1983, a revista Veja publicou extensa reportagem sobre uma suposta descoberta de cientistas alemães. Na verdade, o texto foi baseado na importante revista inglesa New Science, relatando que dois pesquisadores da Universidade de Hamburgo haviam obtido sucesso na fusão de células de um boi com genes de um tomate, criando algo chamado “boimate”. Segundo a Veja, a descoberta era tão importante que abria “uma nova fronteira científica”, permitindo sonhar com “um tomate do qual já se colha algo parecido com um filé ao molho de tomate”.

Os editores da Veja nem perceberam que a reportagem original havia sido publicada no primeiro dia de abril. Era, sim, uma brincadeira para comemorar o Dia da Mentira. Mas seus leitores só foram informados disso três meses depois, numa edição publicada em julho daquele ano. Como se vê, com ou sem internet, sempre é importante checar o que se divulga. E ao leitor cabe verificar sempre a fonte daquilo que lê.

Os detalhes da história estão disponíveis no curioso site Humor na Ciência.

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