Meus primeiros mestres em áudio – gente como Luiz Fernando Cysne, Nestor Natividade e Antonio Carlos Belia – me ensinaram que, para avaliar um equipamento de som, é preciso ouvir, ouvir e ouvir muito. E com atenção. Infelizmente, já não existem professores como esses. E também, se existissem, talvez morressem de fome, porque a moçada hoje não quer saber de qualidade mas, sim, de praticidade.

Ou será que não? Nesta quarta-feira, a CEA (Consumer Electronics Association), que reúne mais de 2 mil fabricantes, e entre eles vários especialistas em áudio, promove um webinar sobre o assunto. Vai ser entre 16 e 17hs, neste endereço, é claro que no idioma inglês. A entidade acaba de divulgar uma pesquisa levantando o perfil do usuário de produtos de áudio, na tentativa de orientar a indústria sobre como sobreviver no estágio atual do mercado. Alguns dados coletados: 43% dos entrevistados acham que o som das rádios FM é de boa qualidade!!! E 46% dizem estar satisfeitos com a qualidade de áudio de seus TVs de alta definição!!!!!

Bem, a pesquisa foi feita entre consumidores americanos. Nem quero imaginar os resultados se fosse com brasileiros… Fato é que, lá como aqui, tudo passa pela educação auditiva. Os pesquisadores concluíram que há poucas lojas onde o cliente pode passar por uma verdadeira experiência sonora. E menor ainda é o número de vendedores capacitados a orientá-lo nesse sentido. “É como na TV 3D: a experiência é fundamental”, diz Ben Arnold, que coordenou o estudo. “Por isso é que estimulamos todo usuário a fazer sua própria pesquisa de campo, ouvindo o máximo que puder”.

Apesar dos resultados, Arnold diz que ficou otimista ao constatar que boa parte dos entrevistados admitiu não ter condições de avaliar um equipamento de áudio; alguns, até, mostraram que gostariam de orientação a respeito. Pois é, como ouvi certa vez numa palestra, é tudo questão de educação e de hábito. Quem só toma vinho ruim não tem como saber o valor de um bom Bordeaux ou Chianti. Quem só ouve MP3, ainda mais com a qualidade da música que se produz hoje, jamais entenderá o valor de uma gravação bem feita. É preciso educá-los. E esse é o papel de fabricantes, distribuidores, revendedores, instaladores… enfim, todo mundo que se diz “especializado”.

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