Não está nada bom o clima entre o pessoal da Fiesp e algumas áreas do governo federal ligadas à tecnologia. O ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, foi chamado para intermediar uma disputa que, se não for controlada, pode até resvalar nas eleições do ano que vem. Claro, tudo briga por poder e influência, bem pouco a ver com o interesse nacional.

Os industriais paulistas (e também alguns de outros estados) ainda não engoliram a ressurreição da Telebrás, que, apesar das mudanças promovidas no governo Dilma, continua com certa influência em Brasilia. No seminário FIESP de Telecomunicações, na última segunda-feira, Carlos Cavalcanti, diretor da entidade, pôs lenha na fogueira ao afirmar que a postura da Telebrás está criando uma nova versão de reserva de mercado. Segundo ele, não há uma política industrial para o setor, que precisa de mais incentivos.

Também presente ao evento, Cézar Álvarez, secretário executivo do Ministério das Comunicações e um dos que mais lutaram pela volta da Telebrás, ainda no governo Lula, não respondeu. Disse apenas que “a Telebrás veio para ficar” e que, em lugar de discutir o passado, “seria melhor pensar nos benefícios que a empresa pode trazer”. Mais detalhes sobre a discussão, aqui.

Na verdade, o buraco é muito, muito mais embaixo. De fato, não há uma política industrial para telecom, assim como não há para nenhum outro segmento da economia, simplesmente porque o governo Lula não foi capaz de criar uma. Mesmo assim, o mercado está crescendo e a expansão do consumo trouxe benefícios a todos, inclusive aos que reclamam. Muitos empresários criticam uma possível volta da reserva de mercado, que tantos males já causou ao país, porque não são incluídos na própria. Agora mesmo, setores da indústria paulista lutam pelos mesmos benefícios concedidos às empresas do Polo Industrial de Manaus.

No fundo, mesmo, ninguém quer ficar fora da festa.

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