Como milhões de jovens pelo Brasil afora, meu filho irá prestar, neste fim de semana, exame vestibular para a Unicamp; no próximo dia 26, será a vez da Fuvest. Seu plano é entrar numa das duas melhores universidades do país, e para isso ele vem se empenhando duramente ao longo de todo o ano. Aos 18 anos, como tantos outros de sua idade, ele tenta enxergar um futuro de sucesso, sabendo que para isso terá que continuar estudando muito – claro, sem abrir mão de seus momentos de lazer, que ninguém é de ferro.

O pré-vestibular é uma fase da vida em que realmente nos sentimos inseguros sobre o que vem pela frente. Muitas vezes, no íntimo, bate um sentimento de “será que tudo isso vale a pena?” Infelizmente, vivemos numa época ao mesmo tempo dinâmica, em termos de tecnologia e comportamento, e sombria do ponto de vista econômico e social, com uma fartura de notícias ruins, no Brasil e no mundo. Não sou daqueles pais que tentam “fazer a cabeça” dos filhos, até porque sei que, nesta era multimídia, a influência (paterna e materna) tem muito menos efeito do que, por exemplo, quando eu tinha 18 anos. Mas nós, pais, continuamos sendo a principal referência de comportamento para os filhos. Se você tem uma atitude irresponsável ou desonesta, não pode cobrar o contrário daqueles que vivem ao seu lado.

Por sorte ou azar, o ano de 2011 está sendo marcado por uma série de fatos que, sem dúvida, contribuem para os jovens se posicionarem melhor perante o mundo que os rodeia. Se conseguir entrar na USP, por exemplo, meu filho já sabe que terá de conviver com colegas de todas as origens, credos, raças, hábitos e tendências políticas. Acredito que esteja preparado para essa que, a meu ver, é uma das principais vantagens de estudar numa grande universidade: a convivência com os contrários, de onde se aprende a respeitar valores distintos e eliminar todos os preconceitos.

O que não dá para aceitar – principalmente para alguém que, como eu, cursou a USP na época da ditadura militar – é que alguns queiram impor, aos demais, regras de comportamento que são, por definição, questionáveis. Refiro-me aos estudantes que se rebelaram contra a presença da Polícia Militar na Cidade Universitária, depois que três deles foram presos por fumar maconha. Sem entrar no mérito de se a droga deve ou não ser legalizada, esse foi um típico episódio em que se tentou usar “a força” (no caso, invadindo e depredando prédios da Universidade, como mostra a foto) para fazer valer sua vontade, mesmo após uma assembleia ter decidido o contrário, por maioria de votos. Neste artigo, comento o assunto mais detalhadamente.

Nem discuti o assunto a fundo com meu filho; estou deixando que ele mesmo forme sua opinião a partir do que lê e ouve a respeito. Claro que fico preocupado ao saber que os índices de criminalidade dentro do campus têm aumentado (e não me refiro ao porte de drogas), justamente pela ausência da polícia . Mas sei que meu filho será um privilegiado se conseguir estudar na melhor universidade do país. E terá de fazer jus a esse privilégio, dedicando-se de corpo e alma aos estudos. Seu lazer, quando e como quiser, ele irá buscar fora do campus. Como, aliás, faz hoje a maioria dos estudantes da USP.

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