Algum tempo atrás, quando se falava em convergência digital, logo se pensava na disputa entre TV, telefone e computador. Os experts da hora diziam que os três aparelhos iriam se fundir, daí o uso corrente da palavra “convergência”. Chegou-se até a afirmar que o tablet, lançado pela Apple em 2007, seria o herdeiro dessa fusão, com capacidade para executar as três funções: computador, telefone e televisor. De fato, o iPad e seus sucedâneos são o maior sucesso comercial da indústria eletrônica, mas continuam longe de aposentar seus três primos mais velhos. Hoje, vê-se como é arriscado fazer previsões nesse mundo dinâmico da tecnologia – embora haja uma infinidade de consultorias tomando dinheiro de alguém justamente para prever o futuro.

Cada vez fica mais claro que convergência, se existe, dá-se em torno do conteúdo. Aparelhos, por mais bonitos que sejam, não passam de caixas metálicas (ou de plástico) dotadas de processadores que, por sua vez, contêm softwares mais avançados a cada nova geração. E o que fazem esses softwares? Tornam mais fácil o acesso do usuário àquilo que realmente lhe interessa: o conteúdo. Se os estúdios de Hollywood e as boas emissoras de televisão continuam poderosos, é porque detêm a capacidade de produzir conteúdos atraentes. O mesmo vale para produtores independentes de filmes, vídeos ou música; editoras de jornais, revistas e livros; blogs e sites diferenciados; e assim por diante.

O desafio de todos é seduzir o consumidor de… isso mesmo: conteúdo. Seja por meio impresso ou eletrônico, o que 7 bilhões de habitantes do planeta buscam, a todo momento, é algo para aprender, se informar ou simplesmente se divertir, da forma mais conveniente que tiverem à mão. E, embora alguns especialistas aleguem possuir a receita para conquistá-los, é bom duvidar: os maiores conglomerados do mundo estão investindo bilhões para descobrir, e ainda não conseguiram.

A esta altura, o leitor deve estar se perguntando por que tanta divagação em torno do mesmo tema. Perdoem o desabafo, mas foi uma forma que encontrei para dizer que poucas coisas me soam mais irritantes atualmente do que a discussão sobre o “fim da imprensa” ou a “revolução das novas mídias”. Não consigo ver revolução alguma, mas uma série de mudanças tecnológicas que – como sempre ocorreu na história da humanidade – provocam mudanças de comportamento. É um processo necessariamente longo e gradativo, às vezes até imperceptível. Ninguém decide de repente que “a partir de agora vou me tornar escravo do celular”. Simplesmente acontece, aos poucos, como todo hábito.

Nessa matéria, não adianta ter pressa, por mais que as manchetes digam o contrário. Ninguém precisa jogar fora seu aparelho atual. Ele não merece!

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