Nesta 6a. feira, a Globo divulgou oficialmente que não está negociando com a Sportflix, misteriosa marca mexicana que vem fazendo barulho na internet. Em notícia que se espalhou por vários sites e blogs, a maioria copiando o mesmo texto, a empresa anunciou uma revolução: pacotes de eventos esportivos internacionais com custo a partir de 20 dólares mensais (plano básico), sinal HD que pode (ou poderia?) ser acessado em qualquer dispositivo – e sem intervalos comerciais. Em destaque no site (vejam aqui), uma foto de Neymar com a camisa da seleção brasileira, junto com as de outros ídolos do basquete, tênis, box etc.

Seria o sonho de todo fã de esporte. Só que não: é uma bravata. Sportflix – não confundir com E-SportFlix, site brasileiro de jogos virtuais – se apresentou como “Netflix dos esportes”, mas se esqueceu de combinar com Globo, Fox, ESPN, Band e Turner (Esportivo Interativo), que hoje detêm os direitos para todas as competições esportivas transmitidas no Brasil.

A pegadinha, já utilizada tantas outras vezes, está no pré-anúncio do serviço, que começará (ou começaria) no próximo dia 30/08 em oito países: Brasil, Argentina, México, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália e Alemanha. Os interessados fazem um cadastro, com o qual a empresa já forma um belo mailing-list a ser vendido para seus parceiros. Coisa de gente metida a esperta. Matías Said, CEO da Sportflix, calcula que 400 mil pessoas irão se cadastrar até o final do ano, sendo que 20 mil já o fizeram (a empresa divulga que seu site possui 600 mil visitantes).

Num rasgo de ousadia, incluiu entre suas promessas até a Copa do Mundo e as Olimpíadas! Vejam abaixo trechos de uma entrevista de Said ao site TodoTVNews, que cobre o setor de TV.

(Em tempo: incrível como as pessoas acreditam em falsas promessas sem nem se darem ao trabalho de pensar. Vejam os comentários dos leitores neste site a respeito do assunto.)

Como funciona – Segundo Said, Sportflix é uma plataforma de streaming ao vivo, que pode ser acessada no mundo inteiro desde que o usuário abra uma conta e tenha uma conexão à internet. 

A questão dos direitos – Sportflix se identifica como um serviço de “retransmissão”, ou seja, não produz conteúdos e não é responsável pela captação do sinal. Simplesmente retransmite o que as emissoras levam ao ar. “Montamos nosso catálogo com base nos direitos que adquirimos junto a quem produz”, diz o executivo na entrevista. “Queremos levar os esportes mais populares a cada país”.

Conteúdos já acertados – Said dá os nomes, apesar dos desmentidos da Globo e Fox, ESPN e Turner, donas de alguns destes eventos: Grand Slams de tênis, NBA, NFL, NHL, UFC, Fórmula 1, Olimpíadas e Masters de golfe. No Futebol: Copa do Mundo, Championes League, Europa League, Libertadores, Copa Sul-americana, Copa América, Copa das Confederações, Copa do Rey (Espanha), FA Cup (Inglaterra), Copa Italia e os campeonatos nacionais desses países (mais França, Alemanha, Argentina e México).

Outros conteúdos – Vai apenas “cobrir” os eventos, não criar programação para antes nem depois do jogo ou da corrida. Não será uma rede de esportes, nem uma plataforma de jornalismo, garante Said.

O segredo – Segundo comentário da BBC, entre os eventos mencionados o mais barato hoje seria o Campeonato Argentino, pelo qual a Fox paga anualmente US$ 186 milhões à federação de futebol do país vizinho. “Esse valor se refere aos direitos de transmissão”, tentou explicar Said. “O que adquirimos são os diretos de retransmissão, muito mais baixos”. 

A conferir a partir do dia 30.

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