Até março, as vendas de TVs empolgavam fabricantes e varejistas. Esperava-se um aumento com a proximidade da Copa, fenômeno sazonal (de 4 em 4 anos), mas os números superaram as expectativas. Segundo a Eletros, o primeiro trimestre registrou vendas de 3,6 milhões de aparelhos, contra 2,53 milhões nos primeiros três meses de 2017 – um salto de 42,29%. Era mesmo para se empolgar.

Ainda não se tem números oficiais de abril, mas o clima meio que azedou, talvez em função das más notícias vindas de Brasilia: governo e Congresso inoperantes, juízes e procuradores batendo cabeça, desemprego voltando a crescer e a cada vez mais imprevisível campanha eleitoral. Um quadro que torna mais difícil a decisão de adquirir qualquer bem durável, incluindo TVs.

Tentando ser frio com os números, há bons motivos para otimismo. O último relatório da Eletros, divulgado na semana passada, mostra que as vendas de linha branca, por exemplo, subiram apenas 1,83% naquele mesmo período! No caso dos TVs, não se chegará este ano aos 14,993 milhões de aparelhos vendidos em 2014, quando da Copa no Brasil. Só que hoje se sabe como (e por que) aquilo foi a ante-sala da crise. Com os quase 15 milhões de desempregados herdados do governo Dilma, as vendas de TVs (assim como de tantos outros itens) despencaram para 8,4 milhões em 2016. No ano passado, pequena retomada: 11,4 milhões. Agora, a estimativa é bater em 12,5 milhões.

“Agradando ou não, o Brasil é hoje uma economia alicerçada no consumo”, diz o relatório da Eletros. “Quase 70% do PIB advém do consumo. Este percentual já ultrapassa 50% há mais de quinze anos, o que nos classifica, de fato, como uma economia de consumo”. E aponta um culpado: “Os cortes na Selic não causaram reflexos no consumo na velocidade necessária devido à concentração bancária”.

Em sondagem mensal com executivos do setor, a entidade constatou que, em março, 40% diziam que a situação havia melhorado, 16,7% afirmavam que tinha piorado e 43,3% que era estável; em outubro, os números eram estes: para 36,7% o mercado estava melhor, e para 63,3% a situação era estável. Ninguém dizia ter piorado!!! 

Os dados – que podem ser conferidos aqui – oscilam muito a cada mês, confirmando que ninguém tem muita certeza sobre o que esperar. Em todo caso, parafraseando um velho político, talvez seja melhor assim: antes, todo mundo tinha certeza de que iria piorar.

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