Pelo jeito, o Plano Nacional de Banda Larga, que comentei aqui outro dia, sai mesmo antes das eleições de 2010. O presidente Lula quer porque quer inaugurar um serviço público do gênero antes de deixar o cargo, principalmente se sentir que seu candidato(a) não sairá vencedor. Esta semana, num evento em Brasilia, o secretário de TI do Ministério do Planejamento, Rogerio Santana, soltou o verbo em cima das operadoras de telefonia, que se recusam a participar do projeto nos termos propostos pelo governo; ontem, foi a vez de outro representante do presidente, André Barbosa, todo-poderoso assessor da Casa Civil, repetir: se as teles quiserem entrar, tudo bem; se não, teremos uma via alternativa. “Já definimos que nessa área vamos fazer a estatização”, disse Barbosa.

Nem precisava ser tão explícito. Todo mundo sabe que o sonho dourado de alguns funcionários do governo atual (provavelmente a maioria) é reestatizar todo o setor de telecomunicações para fazer dele mais um enorme guarda-roupa (e não apenas cabide) de empregos. O problema é que sem as teles não haverá rede alguma. Sem elas, o governo simplesmente não tem alternativa. Ou melhor, tem sim: a Oi, que é hoje uma semi-estatal. Mas o custo de uma rede de banda larga, me parece, está fora do alcance de uma única empresa, por maior e mais poderosa que seja.

O plano do governo é construir a rede e depois cobrar das operadoras pelo seu uso. Se estivéssemos num País decente, talvez até funcionasse. Mas, depois que a Anatel foi totalmente desmoralizada e o tal de marco regulatório do setor virou peça de ficção, nenhuma empresa séria vai brincar com esse tipo de coisa. Minha aposta: Lula vai, sim, inaugurar a sua sonhada rede antes do fim de seu mandato. E dizer que está fazendo, mais uma vez, o que nunca ninguém fez por este país. Pode até ganhar a eleição com mais essa demagogia. Mas a rede (se chegar a funcionar) será pior do que as existentes hoje (que, aliás, o governo não consegue fiscalizar).

Alguém arrisca outro palpite?

3 thoughts on “Eleições e banda larga

  1. Pessoas mais lúcidas e conscientes evitam esbravejar contra algo, sem saber se vai dar certo ou não.
    O esquizofrênicos tem mania de perseguição e acham que tudo é contra ele e irá afetá-lo de alguma forma.
    O que acontece no Brasil e em boa parte do mundo é que as pessoas passam sua vida tendo tantas experiências ruins, que naturalmente tendem a desconfiar tanto quanto respiram.
    No nosso caso, aqui no Brasil, os maltratos são muito recentes e muito evidentes pra que digam que é apenas esquizofrenia de nossa parte quando desconfiamos do governos e das empresas. Até porque nossa imprensa (que deveria ser realmente um QUARTO PODER) é tosca.
    Imagino que em outras partes do mundo, se algum governante falar em “Plano Nacional de Banda Larga”, o seu povo gosta, apoia e colhe bons frutos, porque sabe que ali a coisa é funcional. Aqui não. Como “mulheres recém-violentadas”, nosso estresse pós-traumático nos toma conta cada vez que lemos ou ouvimos falar dessas idéias.
    Quer um exemplo? Sou carioca e acompanhei a candidatura do Rio como sede das Olimpíadas de 2016. Mas, gostaria de perguntar: qual o sentimento que permeia a todos nós nesse momento? Basta ler blogs e sites que comentam o assunto e verá que boa parte das pessoas torcem o nariz, já que as lágrimas de alegria do Lula, Sergio Cabral e Eduardo Paes, podem traduzir-se em oportunidades para os oportunistas.
    Mas pra não fugir da banda larga, penso que quem pode fazer com que dê certo ou não somos nós. Despois desse assunto “2016”, lê-se também vários incentivos das pessoas no sentido de fiscalizar o que o governo faz e deixa de fazer. Mas eu ainda não consegui montar na minha cabeça um esquema pra fazer isso.
    Por onde eu começaria?
    A que órgão eu teria que recorrer para fiscalizar “2016”, “Plano da Banda Larga” e tanta outras coisas que julgo importante para o meu país?
    Existem sites em que eu possa acompanhar de forma clara o que está sendo feito, ou tenho que ir na prefeitura para acompanhar isso?

    Pra resumir: onde, como eu consigo fiscalizar essas coisas? Já estou cansado de ler e escrever sobre o governo sem FAZER de fato alguma coisa.
    Alguém aí me ajuda nessa idéia?

  2. Caro Orlando,

    Por falar em banda larga, estive em Portugal há pouco tempo e aproveitei para visitar um amigo. Ele havia solicitado, dias antes, a instalação do serviço. Inacreditável o que pagam lá: 69 Euros por 20MB (isso mesmo) de velocidade, 110 canais (que vem pela rede, IPTV, com imagem perfeita), set-top box que grava, cinco canais HD, wi-fi embutido no modem, um ponto extra e ligações telefônicas ilimitadas para Portugal…

    Enquanto isso, por aqui…

    Abs,

    Julio Cohen

  3. Caro Renato, o primeiro passo é fazer exatamente o que você está fazendo: questionar, discutir, perguntar, trocar idéias. Espalhar ao máximo as suas dúvidas e desconfianças, utilizando essa grande força que é a internet. Denunciar quando descobrir alguma coisa errada, através das redes sociais, por exemplo. Pensar bem sobre em quem votar nas próximas eleições e cobrar o mesmo de seus amigos, familiares etc. Apenas como ponto de partida, eis aqui alguns sites que podem ajudar em tudo isso:

    Transparência Brasil – Site sem fins lucrativos dedicado a fiscalizar e denunciar a corrupção dos governos em geral.
    Portal da Transparência – Site do governo federal que supostamente exibe dados sobre gastos públicos. É bom fiscalizar sempre.
    TCC (Transparência, Consciência e Cidadania) – Entidade independente, sem vínculo com partidos, que diz ter os mesmos objetivos acima.
    Instituto Ethos – Entidade também independente, que prega a ética em todos os setores e pesquisa os abusos e violações nesse campo.
    A Voz do Cidadão – Entidade voltada a discutir a prática da cidadania e denunciar a corrupção em suas mais variadas formas.
    ONG Voto Consciente – Grupo que se dedica a esclarecer eleitores e fiscalizar a ação dos parlamentares e governos, em seus vários níveis.

    Abs e boa cidadania.

    Orlando Barrozo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *