Ainda sobre as punições da Anatel, que comentamos ontem, não é totalmente verdade que o consumidor saia prejudicado com a interrupção das vendas por parte das três operadoras (Claro, Tim e Oi). Em São Paulo, por exemplo, só a Claro foi punida; portanto, restam ao consumidor paulista as outras duas opções mais a Vivo. Sim, o ideal seria que houvesse oito ou dez empresas competindo, mas essa, infelizmente, não é a realidade brasileira.

Embora nada tenha dito a respeito, a Anatel parece ter escolhido a dedo as praças onde aplicaria a medida. Quem pode sofrer mais é o pessoal do Norte e Nordeste, que normalmente só conta com uma operadora oferecendo linhas de celular. A propósito, a Folha de São Paulo lembra hoje, em editorial, a inovadora solução aplicada na Inglaterra, que poderia perfeitamente ser copiada aqui. Lá, eles obrigam a operadora a interromper a cobrança do serviço quando há problemas, ou seja, o usuário não teria que pagar por algo que não recebeu (ou recebeu com má qualidade).

Agora, numa coisa é impossível discordar das operadoras: as dificuldades de infraestrutura no Brasil dificultam qualquer plano de investimento. Não sei se a Claro, por exemplo, fala sério quando diz que já investiu bilhões este ano; se o fez, ainda não foi possível perceber resultados. Mas é fato – e agora a própria Anatel admite – que implantar redes neste país é quase um pesadelo. Além de toda a burocracia já conhecida, existem questões administrativas, políticas e até ambientais, que são usadas pelas prefeituras para retardar a instalação de antenas e postes.

Sem falar na velha propina, tão velha que já é quase aceita como “normal”.

 

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