Na disputa entre emissoras de TV e operadoras de telefonia em torno das frequências de UHF (700MHz) a serem transformadas em celular 4G, surgiu uma terceira força, aparentemente com poder de tercius: a indústria. Nesta quarta-feira, a Abinee divulgou estudo da PUC-RJ que desmente as análises anteriores, divulgadas pela SET (emissoras) e pela GSMA (teles), sobre possíveis interferências entre os dois tipos de sinal. O novo documento simplesmente diz que não há risco, desde que os receptores sejam equipados com um filtro.

“Os estudos apontaram que, mesmo nas eventuais situações desfavoráveis, a convivência entre os dois sistemas é sempre possível, desde que aplicadas técnicas de mitigação”, diz a Abinee, numa linha que combina com a adotada até agora pela Anatel. A Agência já preparava o leilão das frequências – por enquanto previsto para agosto – quando surgiram os questionamentos de emissoras e operadoras. Cada um a seu modo, e usando critérios próprios, os dois setores alertavam para a possibilidade de interferências quando as redes estiverem funcionando, o que seria de fato inconcebível.
Segundo a Anatel, problemas podem acontecer em áreas com topografia desfavorável, mas mesmo esses casos seriam solucionados com os tais filtros. Apesar do baixo risco, a Agência decidiu promover nova consulta pública (que vai até 3 de junho) para que todos possam se manifestar; o próximo passo seria divulgar o edital definitivo e marcar a data do leilão. Vamos ver se o cronograma se cumpre.
Vale lembrar que, pelas regras atuais, todos os custos da implantação da rede 4G, incluindo a chamada mitigação das interferências, cabe às operadoras de celular. A conferir se elas realmente aceitarão esse ônus. Outro detalhe é que o já citado filtro precisa vir embutido no receptor, ou seja, quem está comprando agora um TV digital ou um celular 4G pode ter problemas para usá-los no futuro, já que não trazem o componente.

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