Reportagem da revista americana Forbes mostra em detalhes a situação a que chegou a Best Buy, maior rede de lojas especializadas em eletrônicos do mundo. Depois da falência de sua maior concorrente, a Circuit City, em 2009, pensava-se que a BB tomaria conta do mercado, não apenas nos EUA mas em outros países onde atuava, como Inglaterra, México e Austrália. Nada disso. De lá para cá, as coisas só pioraram para a rede, que chegou a ter 1.800 lojas e hoje tem 1.150; destas, 50 serão fechadas até o fim deste ano, segundo a empresa anunciou na última quarta-feira.

O fenômeno tem a ver, é claro, com a recessão que atinge os EUA desde 2008. Mas o principal fator que pressiona a Best Buy chama-se internet. A concorrência dos gigantes virtuais (especialmente Amazon e eBay) está fazendo a empresa rever tudo que praticou até hoje. É interessante analisar esse exemplo, que por enquanto não se aplica aos varejistas brasileiros, mas pode se aplicar no futuro. Numa loja de grande porte, muitos consumidores entram apenas para ver os produtos de perto. Enquanto estão ali, podem acionar na hora seus celulares para procurar o melhor preço daqueles mesmos produtos, na internet. Pronto: em alguns segundos, conseguem fazer a compra online mais conveniente, e encerrar alegremente o “passeio” pela loja física.

Acumulando prejuízos seguidos desde o final de 2010 (no último trimestre, o balanço apontou US$ 1,7 bilhão no vermelho), os acionistas entraram em pânico. Num relatório no início do ano, o CEO Brian Dunn propôs uma reestruturação, já aprovada, que implicará na demissão de centenas de pessoas e na redução física das lojas, que comentamos aqui em janeiro. Dunn criou um conceito chamado connected stores (“lojas conectadas”), a ser implantado ao longo de 2012, onde serão vendidos apenas aparelhos de comunicação móvel: smartphones, tablets, notebooks e leitores eletrônicos. O plano prevê a abertura de 100 delas até 2013, e outras 800 até 2016.

Se essa será a solução, só o tempo dirá. “Nem sei se eles estarão vivos daqui a dez anos”, arriscou-se a prever Brian Sozzi, analista-chefe da BNG, empresa de estudos de mercado especializado em varejo. “Essa é uma guerra perdida”. Não por acaso, ontem um colunista da revista Time, dizendo-se cliente da rede, decretava neste artigo: “O mundo tem muito mais lojas Best Buy do que realmente precisa”. Depois dessa, dizer o quê?

Em tempo: existe aqui uma loja virtual chamada Circuit City Brasil, que nada tem a ver com a falida americana (apenas o logotipo copiado). Mas não recomendo: a quantidade de reclamações que circulam contra essa empresa é assustadora.

2 thoughts on “Até os gigantes sofrem

  1. Caro Orlando, estive hà 10 dias em NY onde pude visitar duas lojas da Best Buy as quais tinham grande área, poucos funcionários conversando entre sí e somente eu tentando comprar um iPod. Ningém veio me atender e após dar uma geral na loja, saí sem levar nada. Dois dias depois no corredor do Aeroporto de Boston, vi uma destas máquinas iguais as de refrigerantes, comprei meu iPhone da própria Best Buy. Levou menos de 3 minutos e paguei no cartão. Peretti

  2. Orlando,
    Será que a Fast Shop seguirá o mesmo caminho?? Eles desesperadamente tentam aumentar o faturamento com serviços, garantias extendidas e automação no atacado, que nós já sabemos a muito tempo que não dá certo…
    Abraço,
    Fernando

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