E-commerceComo ganhar dinheiro com a internet? Quem tem a resposta, por favor, apareça. Quase toda semana são realizados debates, em vários países, tentando decifrar o mistério. Sim, a web já tem até seus bilionários, que todos sabemos quem são, mas esses não valem. A questão é, como dizem os economistas, “monetizar” um negócio que, na sua essência, é público, livre e, portanto, gratuito.

O tema é recorrente também no Congresso da ABTA, que acompanhamos esta semana em São Paulo. Em meio à infinidade de códigos e siglas com que os especialistas trabalham diariamente, IPTV e OTT são as mais citadas – justamente as que definem a convergência entre os dois mercados (televisão e internet), cada vez mais indissociáveis. OTT (over-the-top) foi a forma encontrada pelos americanos – sempre eles – para identificar os serviços de vídeo e TV que utilizam as redes digitais de comunicação. IPTV é a definição da própria rede em si, o “protocolo de internet”, pelo qual todos têm que passar. Como já comentamos anteontem, há no segmento de TV por Assinatura uma forte corrente apontando o dedo indicador para a internet, promovida a “inimiga mortal”, enquanto outra corrente procura enxergar possíveis pontos de interação, que levem à tal monetização.

Um interessante debate a que assisti ontem, “Novos Cenários para a Monetização de Conteúdos”, mostrou que essa discussão é rica, mas ao mesmo tempo pode levar a lugar nenhum. “A tecnologia evolui tão depressa que, se ficarmos discutindo muito tempo, nossas conclusões não servirão para nada”, alertou em tom de brincadeira (mas sem deixar de ter razão) um dos participantes, Gustavo Ramos, diretor da Globosat. De fato, as opiniões nesse campo não são nada convergentes, ao contrário, apontam para diversos cenários, às vezes misturando pesquisas, profecias e desejos.

Já há quem defenda, por exemplo, o uso mais intenso da publicidade nos serviços OTT, para remunerar operadoras e fornecedores de conteúdo. Da forma como o mercado está estruturado hoje, temos a TV aberta – que é gratuita e se sustenta com publicidade – e a TV fechada, que é paga e onde os anúncios representam no máximo 10% do faturamento das empresas. Nos serviços via internet, paga-se a um provedor que, na teoria, é financiado apenas pelas mensalidades de seus assinantes; na prática, a quantidade de anúncios saltando nas telas dos grandes portais já indica que não é bem assim. Também na teoria, a internet é mais democrática, tanto que, ao lado dos portais mantidos pelos maiores grupos de mídia, há “n” sites e blogs disputando os cliques dos usuários. Mas, se para os grandes já é difícil fazer dinheiro, que dizer dos demais?

Um especialista com quem conversei durante a ABTA me contou que a tão badalada Netflix, com seu modelo de OTT aparentemente infalível, já tem mais de 30 milhões de usuários – e não consegue dar lucro! Quem mantém a empresa são investidores que esperam retorno algum dia. Mais de 50% do seu custo operacional vai para os estúdios, que cobram caro pelas séries e filmes oferecidos no site. Somem-se os gastos para fazer funcionar sua gigantesca CDN (Content Delivery Network) e… bem, digamos que Reed Hastings, fundador e maior acionista da empresa, não está na miséria. Mas os investidores podem de repente se cansar da brincadeira.

1 thought on “OTT, IPTV e outras letras

  1. Eu ainda lembro quando as operadoras de TV por assinatura falavam em publicar códigos para permitir gravação automática de programas usando um video-cassete. Eu tinha um JVC que era, supostamente, compatível com o sistema. Mas tarde a ganância sem limites se abateu sobre o setor e não temos o direito nem de gravar um programa manualmente. Ou você paga ou fica de fora.
    O problema com este tipo de decisão ganaciosa e que de uma hora para outra pode surgir alguém com uma ideia nova. Ideia que não apenas satisfaz o desejo das pessoas de terem seus programas “gravados” em algum lugar, como também pode potencialmente substituir a próprias TVs por assinatura. É o carma negativo voltando?

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