650xA convite da TV Globo, estivemos no CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), no Rio de Janeiro, para assistir nesta segunda-feira ao jogo Brasil x Camarões em transmissão especial ao vivo em 8K. Em parceria com a NHK do Japão, a Globo está fazendo demonstrações dessa tecnologia durante a Copa do Mundo. Foi uma emoção diferente participar desse grande momento da evolução tecnológica; os japoneses planejam ter o sistema implantado no país todo em 2020.

“É provável que implantemos direto o 8K, sem passar pelo 4K”, nos disse Hiroyuki Okubo, um dos engenheiros da NHK que está no Brasil para essas demonstrações. “Para as emissoras, o custo da transição é muito alto, talvez não compense mudar do HD para o UHD”. O padrão 8K, também chamado Super Hi-Vision como já comentamos, exibe 7.680 x 4.320 pixels, ou seja, mais de 33 milhões de pontos formando a imagem, o equivalente a 16 vezes o padrão Full-HD atual. UHD (ou 4K) seria um nível intermediário de resolução: 3.840 x 2.160 pixels.

Foi a primeira transmissão ao vivo em 8K no Brasil (até ontem, todo o material exibido em público era gravado). Assistindo ao jogo numa tela de 275 polegadas especialmente montada para a ocasião, não há como se manter indiferente. As imagens em 8K – que estudantes e pesquisadores também podem ver, até o final da Copa, mediante inscrição prévia no site Globo Universidade – têm tamanha profundidade que em alguns momentos lembram cenas gravadas em 3D. Tomadas feitas a partir do gramado permitem enxergar os jogadores em camadas, com extrema nitidez. Numa tomada panorâmica do público presente ao estádio, pudemos ver um torcedor, lá no alto, segurando seu celular; com um zoom, foi possível até ler o nome no crachá de outro torcedor, provavelmente convidado.

Detalhe: como havia poucas câmeras 8K no estádio, só tínhamos acesso aos replays dos gols; lances polêmicos, daqueles em que a câmera mostra mínimos detalhes, ficaram de fora – ordens da Fifa, que está preparando um documentário em 4K sobre a Copa. Mesmo assim, com o áudio ajustado pela equipe da NHK em 22.2 canais, reproduzidos através de 33 caixas acústicas espalhadas pelo auditório do CBPF, conseguimos nos sentir “dentro do estádio”, como diz a propaganda de alguns TVs.

Segundo Okubo, o sinal gerado a partir do estádio foi transmitido via satélite, com bit-rate de 280 Megabits por segundo, para o IBC, centro internacional de imprensa da Fifa, no Rio, e de lá para o CBPF via fibra óptica. Equipamentos da NHK instalados no local faziam a recepção e comprimiam o sinal para 24 Gigabits por segundo, ou seja, compressão de quase 100 vezes, verdadeira façanha tecnológica! “Estamos melhorando aos poucos”, explicou o engenheiro, que chefia a equipe de pesquisas da NHK. “Começamos a estudar o assunto em 2002 e planejamos iniciar as transmissões regulares em 8K no Japão em 2016. Até 2020, na Olimpíada de Tóquio, o sistema deverá estar implantado”.

Em tempo: não nos foi autorizado gravar vídeos no local; para quem não viu, este é o link da reportagem feita pelo Jornal Nacional sobre o evento.

2 thoughts on “TV 8K também está no Brasil

  1. Não entendi a compressão de 280 Mbps para 24 Gbps.

    Não terá sido o contrário?

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