Estamos preparados para a próxima geração de TV?

Por Christian Frenza*

A televisão, como meio audiovisual por excelência, encontra-se no cerne de uma experiência de consumo cada vez mais personalizada. “Em qualquer momento e lugar” faz parte de uma tendência em crescimento que inspira o usuário de uma única tela a migrar para um ambiente multitela e interativo. A quantidade e qualidade do conteúdo continuam tendo uma posição fundamental na cadeia de valores para o consumidor típico de TV, mas esse paradigma está sendo substituído pelo conforto de poder acessar esse conteúdo de forma fácil e ágil.

As pessoas desejam ter uma experiência cada vez melhor, com mais controle e interatividade em serviços como TV a cabo, IPTV, TV Móvel e TV pela Internet e poder acessá-los pelo celular, computador de casa ou portátil, tablet ou televisão da sala. Nesse cenário, o futuro da televisão se torna interessante e desafiador ao mesmo tempo, especialmente para fornecedores de tecnologia e geradores de conteúdo, que estão trabalhando para se adaptar a essa nova realidade.

O Consumerlab, laboratório de pesquisas de comportamento da Ericsson, fez um estudo sobre tendências no consumo em televisão, que deu algumas pistas sobre qual é o novo caminho a percorrer. Um em cada quatro entrevistados afirmou estar bastante interessado em poder acessar a totalidade de seus conteúdos de TV ou vídeo em todos os seus dispositivos pessoais. Ao mesmo tempo, os tablets e smartphones estão sendo incluídos na experiência de consumo de TV/vídeo. A multitela já é uma realidade.

No estudo, também se constatou que 32% dos entrevistados não dão importância ao fato de possuir ou armazenar TV e/ou conteúdos de vídeo, e sim ao fato de estarem sempre acessíveis online. Por outro lado, os conteúdos Premium e a interação por meio de redes sociais são atividades de alta prioridade para eles. Além disso, as pessoas estão cada vez mais dispostas a pagar pela alta definição (High Definition – HD). Ao adotar cada vez mais a experiência da “televisão em qualquer momento e lugar” e esperar que todos os dispositivos que possuem possam fazer parte dessa experiência de entretenimento, as pessoas exercem uma forte pressão sobre a administração dos conteúdos e os diversos meios/canais de entrega.

Os radiodifusores e prestadores de serviços de televisão têm que evoluir de uma oferta de serviço de TV linear e sob demanda para uma oferta de TV multitela, que permita ao consumidor ter uma experiência personalizada, de modo a poder elevar o fator de pertencimento em relação ao serviço oferecido, unindo ao serviço tradicional de TV também o acesso a redes sociais, conteúdo OTT (Over the Top) e interatividade, a partir da mesma plataforma de navegação unificada.

Evidentemente, para que o operador possa atender às demandas dos consumidores, é extremamente importante introduzir no mercado tecnologias de fácil evolução para o futuro, baseadas em padrões abertos, de modo que seja fácil integrar e adicionar novas funcionalidades, dispositivos e serviços inovadores. Muitos desses serviços se baseiam no conteúdo proveniente da Internet, que está cada vez mais presente em todas as áreas de entretenimento. Nesse novo cenário, as redes de telecomunicações devem estar preparadas para atender à crescente demanda por uma qualidade melhor de grandes volumes de vídeo.

Todo o segmento tem diante de si uma grande oportunidade e um desafio árduo, para o qual, nos próximos dez anos, deverá trabalhar e explorar novas maneiras de fornecer a próxima geração da experiência televisiva. Sem dúvida, o trajeto estará marcado pelas mudanças na tecnologia, mobilidade, multiplicidade e interconexão de dispositivos, direitos comerciais e desejo dos consumidores.

* Christian Frenza é vice-presidente e responsável pela área de TV & Prática de Mídia da Ericsson para a América Latina e o Caribe; artigo publicado no site Convergência Digital em 19/09/2012