Gradiente espera a salvação

Uma simples frase do presidente Lula, ontem, prometendo apoio à recuperação da Gradiente foi o bastante para fazer as ações da empresa subirem 25%! Em Manaus, para fazer sua tradicional média com os trabalhadores locais (que estão parados e sem receber salário), o presidente soltou essa nova bravata que, no fundo, ele mesmo sabe ser inviável. Ao seu lado, constrangido, estava Luciano Coutinho, presidente do BNDES.

Como se sabe, as fábricas da Gradiente estão desativadas desde o final do ano passado. As dívidas já beiram os R$ 300 milhões, e nem mesmo as demissões efetuadas para cortar custos puderam ser concluídas, porque não há dinheiro para pagar as indenizações. Uma situação realmente dramática, bem mais grave que as crises anteriores (de 2005 e 2006), quando a empresa conseguiu socorro do BNDES, com o aval de Lula.

Agora, diz o Estadão de hoje, essa ajuda é impossível porque não há garantias a um empréstimo, digamos, pelas vias normais. O BNDES até que tentou encontrar comprador, mas ninguém se interessou (diz o jornal que um dos motivos é que Eugenio Staub não quer se afastar da empresa, o que seria uma exigência para viabilizar qualquer compra; quem o conhece sabe que ele jamais dividiria o poder com ninguém).

Talvez a intenção de Lula fosse essa mesmo: lançar um factóide para ajudar a subir a cotação das ações e, assim, reduzir um pouco o passivo da Gradiente. Se algum investidor caiu nessa, se deu mal. A essa altura do campeonato, o governo ajudar financeiramente a empresa causaria tanta polêmica que Lula, em campanha para 2010, não vai correr o risco.

Mas, para Lula, tudo bem: o dinheiro não é dele mesmo! E, pensando melhor, seria apenas mais uma de suas (tantas) irresponsabilidades.