A cidade de Wilmington, no estado de Carolina do Norte, foi escolhida pelas autoridades norte-americanas para ser a primeira a completar a transição da TV analógica para a digital. No próximo dia 8 de setembro, ao meio-dia, todas as emissoras que operam nessa cidade irão interromper definitivamente as transmissões analógicas, passando a gerar unicamente sinal digital.
É interessante analisar o processo pelo qual a FCC (Federal Communications Commission), equivalente à Anatel nos EUA, chegou a essa decisão. Primeiro, a própria prefeitura de Wilmington ofereceu-se para a experiência: a FCC queria algumas cidades onde pudesse fazer testes de campo e verificar se a transição se daria sem problemas. A cidade não é das maiores (apenas a 135a praça do País em termos de TV), mas 93% de suas residências são cobertas por alguma operadora de TV a cabo, o que significa que as restantes 7% (12.300 casas) recebem sinal de TV digital aberta. Além disso, há cinco emissoras operando em Wilimington, o que permite um bom grau de comparação em termos de potência e estabilidade do sinal, cobertura, qualidade da recepção de som e imagem etc.
“Essa experiência vai nos ajudar a verificar possíveis problemas que teremos de resolver antes que todo o País complete a transição”, disse à agência Associated Press o diretor da FCC, Kevin Martin. Como se sabe, a data-limite para que todas as emissoras americanas encerrem as transmissões analógicas é 18 de fevereiro de 2009, mas antes disso as autoridades querem ter certeza de que todas as dúvidas tenham sido resolvidas.
A FCC estima que atualmente 50% das residências já possuam um TV digital ou um conversor (set-top-box), e para evitar problemas é preciso garantir que sejam 100% até fevereiro. Quem assina TV a cabo ou via satélite não tem por que se preocupar (as próprias operadoras têm interesse em trocar o conversor o quanto antes), mas quem depende de TV aberta está sendo incentivado pelo governo a se digitalizar – inclusive através de cupons que dão direito a desconto na compra de conversores.
Isso é o que se pode chamar de política governamental. Uma política que leva em conta, sim, os interesses da indústria (fabricantes e emissoras), mas considera principalmente as necessidades dos consumidores. Alguém enxerga algo parecido aqui no Brasil?