Fiquei sabendo, quando estava viajando, de um repórter do Jornal da Tarde (SP) que foi demitido por ter publicado uma entrevista “de gaveta”. Esse é o jargão jornalístico para textos antigos que são utilizados como se fossem novos. No caso, o repórter usou uma entrevista de um ano atrás, sem informar aos leitores (nem a seus chefes) esse, digamos, pequeno detalhe. A entrevista saiu, e no dia seguinte o jornal pediu desculpas a seus leitores, informando que havia demitido a figura.

Cito o episódio para lembrar aos leitores que nem tudo o que se publica na mídia em geral é digno de crédito. Bem, até aí nenhuma novidade. Sabe-se há tempos que a imprensa brasileira não tem lá muita crebilidade junto à chamada opinião pública; isso, aliás, não é privilégio do Brasil. Mas o lembrete é especialmente válido numa cobertura como a da CES. Quem acompanhou o evento deve ter lido as notícias mais desencontradas, fruto de um mix de ignorância com má-fé de jornalistas e blogueiros. Houve gente que comentou o que não viu como se fosse a oitava maravilha da tecnologia! Um blog brasileiro fez a sua “cobertura” daqui do Brasil, sem tomar o cuidado de revelar isso aos seus incautos leitores. Li coisas como “a Sony acabou de lançar em Las Vegas”, como se o autor estivesse lá, ao vivo, no lançamento.

Já tive que cobrir eventos dessa forma, por necessidade, mas sempre que isso aconteceu o leitor ficou sabendo. Nestes tempos de internet, até que é fácil fazer uma cobertura virtual, e nem há nada de mau nisso – desde que o leitor fique sabendo. Infelizmente, isso nem sempre acontece.

Depois, perguntam por que a imprensa não tem credibilidade.

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